1 de julho de 2025
Politica

Fraude no INSS azeda planos da gestão Lula que faz vista grossa para redução de pena no 8/1

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tornou público que não vai se importar se Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF) selarem um acordo sobre as penas para os envolvidos nos atos extremistas de 8 de Janeiro. Coube à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, anunciar que o Poder Executivo promete não se meter para melar um eventual acerto.

“Se o Supremo entender que é possível fazer isso numa interação com o Legislativo, não é o governo que vai ter posição contrária”, disse a ministra.

A declaração poderia soar como o Poder Executivo jogando a toalha e fazendo vista grossa para negociação de fato político relevante: o destino de quem invadiu e depredou palácios em Brasília e terminou condenado por tentativa de golpe.

O diretor-geral da Polícia Federal Andrei Rodrigues, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Vinicius Marques de Carvalho, e o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, durante entrevista no Palácio da Justiça sobre operação que descobriu fraudes no INSS
O diretor-geral da Polícia Federal Andrei Rodrigues, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Vinicius Marques de Carvalho, e o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, durante entrevista no Palácio da Justiça sobre operação que descobriu fraudes no INSS

Até aqui a gestão Lula deixou claro que golpistas não merecem anistia. E assim tem tentado barrar os movimentos do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro para livrar todos de qualquer punição, incluindo o próprio Bolsonaro.

O pretenso acordo em gestação envolve os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Hugo Motta, e vozes ainda ocultas do STF. O presidente Lula pode até já ter sido consultado, mas está fugindo do protagonismo. Esse problema, de fato, pode não ser explicitamente do seu governo. Diz mais sobre Bolsonaro e seus seguidores.

Ocorre que a gestão Lula anda ocupada com outros pepinos. Sua agenda acabou sendo azedada quando a Polícia Federal deflagrou operação sobre esquema de descontos irregulares de aposentadorias e pensões do INSS. O presidente do instituto caiu, mas o ônus está todo nas costas da gestão petista.

Ainda que as irregularidades tenham principiado em 2019, sua disseminação no atual governo deixa mais perguntas do que respostas no ar. Com a promessa de fazer uma faxina na casa, Lula trocou a direção do INSS. Pôs no comando um servidor público de carreira com currículo de combate à corrupção e inclinação a deixar tudo mais do que transparente.

O gesto, no entanto, não livra o presidente da República dos desconfortos políticos. O PDT do ministro da Previdência, Carlos Lupi, não está gostando da forma como os petistas passaram a tratar o colega de governo. Até mesmo a nomeação do novo presidente do INSS foi vista como descortesia por não ter passado pelo crivo de Lupi.

O episódio trouxe tantos dissabores ao presidente que ele foi obrigado a falar da fraude no INSS no pronunciamento em cadeia de rádio e TV para celebrar o 1.º de Maio. Lula apareceu falando do caso e dizendo que a PF descobriu uma irregularidade que nasceu no governo passado.

A troca no comando do INSS é apenas o primeiro passo para minimizar os danos. Falta definir o tamanho oficial dos desvios e indenizar aposentados e pensionistas lesados. A reparação precisará vir casada com o sinal claro de que a conta a ser paga pelo Erário tem que ser repassada à quadrilha responsável pelo esquema fraudulento.

 

 

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