20 de novembro de 2025
Politica

Gilmar paralisa processo que pode levar à cassação e prisão do governador do Acre por corrupção

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a ação penal que pode levar à cassação do governador afastado do Acre, Gladson Cameli (PP), por suspeita de corrupção.

O processo estava previsto para ser julgado nesta quarta-feira, 19, na Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Com a decisão, o julgamento será adiado.

Gilmar Mendes determinou a suspensão da ação por 15 dias úteis para que a Polícia Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) compartilhem formulários que requisitaram os relatórios financeiros usados no inquérito.

A defesa do governador afirma que as investigações da Operação Ptolomeu foram direcionadas e que a Polícia Federal “promoveu uma indevida pescaria probatória ao levantar dados pessoais, bancários e fiscais de pessoas” ligadas a ele.

Gladson Cameli foi reeleito no primeiro turno em 2022, mas está afastado do cargo por ordem do STJ.
Gladson Cameli foi reeleito no primeiro turno em 2022, mas está afastado do cargo por ordem do STJ.

Os questionamentos já foram analisados e rejeitados pelo STJ. O Superior Tribunal de Justiça mandou o processo seguir.

Os advogados de Gladson Cameli insistem no acesso aos formulários porque, segundo eles, os documentos são relevantes para “fins de demonstração das teses” da defesa.

A ministra Nancy Andrighi, relatora do processo, afirmou em sua última decisão que as informações pleiteadas constam em documentos que já foram disponibilizados pelo Coaf, “restando demonstrada, de forma patente, a desnecessidade da adoção de qualquer nova“.

Ministro concedeu habeas corpus ao governador e suspendeu tramitação do processo.
Ministro concedeu habeas corpus ao governador e suspendeu tramitação do processo.

Ao analisar o caso, Gilmar Mendes considerou que há cerceamento indevido do direito de defesa. O ministro justificou que as autoridades têm o dever de “dar acesso a todos os dados e informações produzidas em relação a todo e qualquer cidadão, em especial quando tais elementos possam ser utilizados em seu desfavor“.

“Entendo que há utilidade e pertinência na diligência requerida, pois o completo esclarecimento das circunstâncias relativas à origem da solicitação, aos destinatários, alvos e finalidades dos RIFs 50157, 50613 e 50836, possui íntima conexão com as teses de pescaria probatória (fishing expedition), de investigação ‘encomendada’ e de violação ao foro por prerrogativa de função que vêm sendo suscitadas pela defesa técnica do paciente”, escreveu o ministro.

O Coaf e a PF devem abrir os formulários ou justificar por escrito que eles nunca existiram. Se surgir alguma irregularidade – pedido sem investigação prévia, inclusão indevida de familiares ou desvio de competência –, a defesa informou que vai pedir a exclusão das provas e até o trancamento da ação.

 

 

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