Oposição pede CPI do Master na Câmara Legislativa do DF após operação da PF
A oposição ao governo Ibaneis Rocha na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) pediu nesta terça-feira, 18, a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os negócios do Banco Master com o BRB, banco estatal do governo local. O grupo oficializou seis das oito assinaturas necessárias e negocia mais adesões. Mais cedo, a Justiça afastou o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e o diretor financeiro do banco. O dono do Master, Daniel Vorcaro, foi preso.
A Operação Compliance Zero investiga supostos crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa, dentre outros. Investigadores detectaram suspeitas da emissão de títulos de crédito falsos pelo banco Master. Esses títulos teriam sido vendidos ao BRB e, após a fiscalização do Banco Central, substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada. Em nota, o BRB disse que “sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência”. Leia o comunicado ao fim da reportagem.
No documento obtido pela Coluna do Estadão, os deputados citaram as seguintes frentes de investigação que pretendem conduzir na CPI:
- “Negociações e contratos firmados entre BRB e Banco Master, especialmente a operação anunciada em março de 2025, avaliada em aproximadamente R$ 2 bilhões”;
- “Possíveis práticas de gestão fraudulenta e temerária, conforme indícios apontados pela PF na Operação Compliance Zero, que resultou na prisão do controlador do Banco Master e no afastamento judicial da diretoria do BRB”;
- “Eventual uso indevido de recursos públicos para socorrer instituição privada em crise de liquidez, caracterizando risco ao erário e violação aos princípios da administração pública”;
- “Indícios de ingerência política e favorecimento indevido, envolvendo dirigentes do BRB, agentes públicos e lideranças partidárias, com potencial impacto na governança do banco público”.
O deputado distrital Fábio Felix (PSOL) criticou a atuação do governador Ibaneis Rocha no caso. “Ibaneis conhecia o histórico do Master e, mesmo assim, colocou o patrimônio da cidade em risco. É urgente que possamos investigar o impacto e o que está por trás dessas negociações”.
Para o petista Gabriel Magno, a tentativa do BRB de comprar uma fatia do Banco Master “não era um negócio de desenvolvimento articulado pelo GDF, mas uma operação fraudulenta, lesiva aos cidadãos do DF”.
Dono do Master foi preso no Aeroporto de Guarulhos
A PF prendeu o dono do banco Master, Daniel Vorcaro, no Aeroporto de Guarulhos, por volta das 22h dessa segunda-feira, 17. A corporação identificou risco de o empresário fugir do País. Ele iria embarcar em um jatinho particular rumo ao exterior.
Outro preso na operação foi Augusto Lima, sócio do Master. Diretores da empresa também foram detidos pela Polícia Federal.
Banco Central decretou liquidação do Master
Nesta terça-feira, 18, o Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master. A medida aconteceu menos de um dia após o Grupo Fictor ter indicado o interesse em comprar a instituição.
Operação Compliance Zero apura suposta organização criminosa
A Operação Compliance Zero investiga supostos crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa, dentre outros. Investigadores detectaram suspeitas da emissão de títulos de crédito falsos pelo banco Master. Esses títulos teriam sido vendidos ao BRB e, após a fiscalização do Banco Central, foram substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada.
Em setembro, o BC reprovou a compra bilionária de uma fatia do Master pelo BRB. O BC analisou o processo por cinco meses. Segundo apurou o Estadão, um ponto central da decisão foi o risco de o BRB ser contaminado pelos ativos do Master considerados “podres”.
BRB impôs sigilo a todos os documentos do caso
Como mostrou a Coluna do Estadão, o BRB impôs sigilo a todos os documentos internos relacionados à compra do Master. Em resposta a um pedido da Coluna com base na Lei de Acesso à Informação, o banco estatal alegou que a divulgação dos dados comprometeria sua competitividade no mercado financeiro. A decisão foi reforçada pelo presidente do banco, Paulo Henrique Costa.
Leia o comunicado do BRB
“O BRB reforça que sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência, prestando regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central do Brasil sobre todas as operações relacionadas ao Banco Master.
O Banco informa, ainda, que nenhuma prisão foi realizada na manhã desta terça-feira (19). A decisão judicial que orienta a atuação da Polícia Federal nas dependências do Banco determina, exclusivamente, o afastamento temporário do presidente e do diretor financeiro pelo prazo de 60 dias.
A Instituição reafirma seu compromisso com a ética, a responsabilidade e a integridade na condução de suas atividades. O Banco segue operando normalmente, garantindo a continuidade integral dos serviços e preservando a segurança das operações, dos clientes, dos parceiros e de toda a sua estrutura operacional.”
