Bastidores: caso Master pode impactar chapa bolsonarista no DF para 2026
O caso Master, com a prisão do empresário Daniel Vorcaro e a liquidação do banco, tem potencial de impactar a chapa bolsonarista no Distrito Federal para as eleições de 2026. O motivo é que o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), na avaliação de caciques políticos, pode sair com a imagem arranhada após ter defendido a operação de compra da instituição financeira pelo Banco de Brasília (BRB).
A aliança no DF inclui a candidatura de Ibaneis ao Senado, em dobradinha com a ex-primeira-dama Michelle (PL), e da vice-governadora Celina Leão (PP) à sucessão do emedebista. O pacto já sofreu um racha recente, com o anúncio de que a deputada Bia Kicis (PL-DF) também se lançará ao Senado, e o imbróglio do Master pode fazer o acordo ruir ainda mais.
O desgaste para Ibaneis tende a aumentar caso da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) instaure a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) defendida pela oposição para investigar os negócios do Banco Master com o BRB. A Justiça afastou o presidente do banco, Paulo Henrique Costa, e o diretor financeiro.
O deputado distrital Fábio Felix (PSOL), um dos que assinaram o pedido criação da CPI, criticou a atuação do governador no caso: “Ibaneis conhecia o histórico do Master e, mesmo assim, colocou o patrimônio da cidade em risco. É urgente que possamos investigar o impacto e o que está por trás dessas negociações”.
Ibaneis defendeu compra do Banco Master pelo BRB
Em abril, Ibaneis defendeu a operação de compra do Master pelo BRB, em entrevista ao Estadão. “Para nós aqui no DF, enquanto banco público, é muito importante essa aquisição porque nos dá uma oportunidade de crescer no mercado, atingindo outros campos que o BRB ainda não atende hoje”, afirmou.
O governador admitiu que foi consultado sobre a proposta, mas afirmou que a decisão foi técnica e tomada diretamente pelo Banco de Brasília. “O Paulo (presidente do BRB) sempre me falava o que estava acontecendo, eu entendo muito pouco dessa questão de banco, de mercado financeiro, mas ele sempre deixou muito claro para mim quais passos ele estava adotando. Agora, a decisão foi de mercado realmente.”
A Operação Compliance Zero investiga supostos crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa, dentre outros. Investigadores detectaram suspeitas da emissão de títulos de crédito falsos pelo Banco Master. Esses títulos teriam sido vendidos ao BRB e, após a fiscalização do Banco Central, foram substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada.

