20 de novembro de 2025
Politica

Messias no STF: Lula confirma a máxima de que PT só prioriza os seus

Ao indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, para o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva revela não só seu critério de escolha, mas também indica a relação com os aliados que não são de seu partido.

Quando foi eleito senador em 2018, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) estava na onda do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Ao longo dos últimos anos, entretanto, aproximou-se do PT e de Lula e nutria a expectativa de ser indicado à Corte. Não colocou no seu cálculo político, porém, uma máxima que circula em Brasília: “o PT só protege os seus”.

Na noite de segunda-feira, 17, Lula havia se encontrado com Pacheco e ressaltado que não o escolheria para a vaga aberta após a aposentadoria de Luís Roberto Barroso. Pesou para o presidente exclusivamente o próprio sentimento de lealdade.

Para Pacheco, ele ainda fez mais um pedido: que fosse candidato ao governo de Minas, garantindo um bom palanque para o PT no Estado.

O problema é que à medida que se alinhou com Lula, Pacheco distanciou-se de seu eleitorado. Hoje nem sequer teria apoio no próprio partido, que recém filiou o vice-governador Mateus Simões, aliado de Romeu Zema (Novo).

Nada disso foi considerado pelo chefe do Executivo. Lula nunca escondeu aos amigos que seu critério seria indicar alguém em quem confie pessoalmente e totalmente. O presidente carrega o desconforto de ter ouvido pedidos externos e indicado Joaquim Barbosa em 2003. Depois, porém, arrependeu-se em meio ao processo do mensalão do PT com Barbosa relator.

Ao voltar ao poder já em sua terceira gestão, Lula deixou claro o perfil estabelecido para o STF. Só indica quem o defende. O primeiro foi Cristiano Zanin, seu advogado ao longo da Operação Lava Jato.

Agora, Jorge Messias, que ficou conhecido nacionalmente em 2016 em razão de missão dada por Dilma de entregar a Lula o termo de posse na Casa Civil para ser usado “em caso de necessidade”. O objetivo era evitar possível prisão do petista, que como ministro teria foro privilegiado. Na ocasião, Messias foi chamado de “Bessias” pela então presidente. A nomeação de Lula, contudo, acabou barrada pelo ministro do STF Gilmar Mendes.

Apesar de saber que deve enfrentar problemas na relação com o Senado ao rejeitar o pedido dos congressistas pela indicação de Pacheco, o presidente Lula preferiu escolher alguém que ele veja como vacina a qualquer eventual problema no STF.

Como mostrou a Coluna do Estadão, Lula já havia até ironizado a sugestão para que ele conversasse com os cotados ao STF, antes de indicar Jorge Messias para a vaga de ministro do Supremo. Segundo interlocutores, o presidente disse que podiam fazer fila para ele bater papo, contudo não abrirá mão de indicar quem ele considera que seria o mais fiel na Corte.

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República

 

 

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