Olho na eleição e hora errada; veja as análises dos colunistas do Estadão sobre indicação de Messias
Ao indicar o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, ao STF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou em consideração uma série de aspectos. Em análises após a escolha, os colunistas do Estadão enfatizaram alguns deles, como atenção ao eleitorado evangélico para reagir neste grupo nas eleições 2026, a preocupação com a discussão de emendas ao orçamento na Corte no futuro e a necessidade de reafirmar a atribuição do Executivo, em meio ao avanço do Legislativo.
Agora, Messias terá que vencer a resistência de Davi Alcolumbre para obter os 41 votos no plenário do STF, após sabatina na CCJ que ainda precisa ser marcada.
Carolina Brígido
Para a colunista Carolina Brígido, ao optar por Jorge Messias para uma das cadeiras da Corte, o presidente Lula mira as urnas em 2026.
“A última pesquisa Quaest indica que o presidente tem bom índice de aprovação entre mulheres e católicos. Entre evangélicos, a situação é diferente: 63% desaprovam o mandatário. Lula poderia ter escolhido o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para ocupar a cadeira deixada por Luís Roberto Barroso. Teria, com isso, mais apoio no Congresso Nacional e na ala política do Supremo. Preferiu agradar os evangélicos”, diz ela.
Veja a íntegra da análise: Por que Lula precisa de um ministro ‘terrivelmente evangélico’ no STF.
Eliane Cantanhêde
Em sua análise, Eliane Cantanhêde aponta que Lula acabou anunciando a escolha por Messias no dia e hora errados e agora pode colher derrotas, além de atrair adversários poderosos.
“Lula demorou para anunciar Messias, escolheu o dia errado, irritou seu aliado mais estratégico no Congresso, arriscou-se a uma derrota histórica e a uma sequência de bombas fiscais no Senado, até aqui sua terra firme para escapar do pântano na Câmara”, diz Cantanhêde.
Veja a íntegra da análise: Lula anuncia Messias no dia errado, na hora errada, e deve colher derrotas e adversários poderosos.
Raquel Landim
Para Raquel Landim, a escolha de Lula por Messias evita que o Parlamento avance ainda mais nas atribuições do Executivo. Ela lembra que o Congresso já abocanhou emendas, cargos em agências reguladores e agora tentava tomar para si a indicação dos nomeados para o STF.
“É claro que vai pagar o preço. Durante um tempo, Alcolumbre reclamará. Pedirá mais cargos. Talvez Messias tenha uma vida dura para ser aprovado no Senado. Mas nenhum preço seria alto demais como ceder ao candidato do Legislativo no Supremo“, aponta Landim.
Veja a íntegra da análise: Ao indicar Messias, Lula evitou avanço do Parlamento em atribuição do Executivo.
Ricardo Corrêa
Na avaliação de Ricardo Corrêa, o presidente paga para ver ao indicar Messias mesmo com a resistência de Alcolumbre, por estar mais de olho em futuras discussões no Supremo Tribunal Federal. Segundo ele, eventual julgamento sobre obrigatoriedade nas emendas ao orçamento, sobretudo em um quarto mandato, pesaram na balança do presidente.
“Se escolhesse Rodrigo Pacheco após a pressão do Senado, Lula levaria ao STF alguém com mais gratidão ao Parlamento e ao presidente do Congresso do que a ele. E, em tese, mais alinhado à visão do Legislativo do que à do Executivo neste tema. Pacheco, aliado de primeira hora de Alcolumbre, foi quem ajudou a manejar o acordo de emendas que deu força ao Parlamento. Dificilmente votaria com o governo para restringi-lo, portanto“, diz ele.
Veja a íntegra da análise: Lula paga para ver ao enfrentar desejo de Alcolumbre e indicar Messias de olho em batalhas no STF.
Roseann Kennedy
De acordo com a editora da Coluna do Estadão, ao indicar Messias para o STF, Lula mostrou qual sua relação com os aliados: a preferência é do PT.
“Ao voltar ao poder já em sua terceira gestão, Lula deixou claro o perfil estabelecido para o STF. Só indica quem o defende. O primeiro foi Cristiano Zanin, seu advogado ao longo da Operação Lava Jato. Agora, Jorge Messias, que ficou conhecido nacionalmente em 2016 em razão de missão dada por Dilma de entregar a Lula o termo de posse na Casa Civil para ser usado “em caso de necessidade”, diz ela.
Veja a íntegra da análise: Messias no STF: Lula confirma a máxima de que PT só prioriza os seus.
Fabiano Lana
Em sua coluna, Fabiano Lana aponta os riscos da indicação de Jorge Messias ao STF pelo presidente Lula. Ele cita postura ativista do ministro da AGU nas redes e, em especial, a resistência de Davi Alcolumbre no Senado.
“O governo ainda vem de uma série de derrotas seguidas no Congresso. A Câmara, por exemplo, derrotou o Planalto no pacote antifacção, num placar humilhante. O Senado tem sido menos rebelde. Há também uma certa apreensão em relação a ministros do STF que intervêm no trabalho do Parlamento. E preocupação ainda maior em relação à execução das emendas. Teremos um bom tira-teima na votação secreta em plenário“, aponta Lana.
Veja a íntegra da análise: Os riscos da indicação de Jorge Messias ao STF pelo presidente Lula.
