23 de novembro de 2025
Politica

Ciro diz que aliança com União Brasil sai do papel em breve, mas critica impasse na centro-direita

O senador Ciro Nogueira (PP-PI) disse que a federação com o União Brasil, batizada de “União Progressista”, será sacramentada em breve pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Expoente do Centrão, Ciro parece preocupado, porém, com a demora dos partidos de perfil liberal-conservador em definir quem o grupo vai apoiar para a Presidência da República, em 2026.

Em mensagem publicada no X, o senador argumentou que “diante da falta de bom senso e de estratégia no centro e na direita”, conversará com o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, para que a federação dê prioridade às eleições estaduais. Não sem motivo: a maior parte do Fundo Eleitoral que financia as campanhas é distribuída entre os partidos de acordo com o número de seus representantes na Câmara.

O aviso de Ciro foi interpretado no mundo político como um recado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que até agora não ungiu um candidato para ser o seu sucessor na disputa de 2026 contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O senador defende a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao Palácio do Planalto e, como mostrou o Estadão, disse para Bolsonaro, em outubro, que seu nome não está disponível para ser vice em nenhuma chapa.

Senador Ciro Nogueira defende candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ao Palácio do Planalto
Senador Ciro Nogueira defende candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ao Palácio do Planalto

“Tudo o que eu falava, estavam desvirtuando porque (diziam) que eu queria ser vice. Para encerrar essa situação, já comuniquei ao presidente Bolsonaro que vou ser candidato ao Senado”, afirmou Ciro, que é presidente do PP e em 2026 disputará o terceiro mandato pelo Piauí.

De uns tempos para cá, o casamento do PP com o União Brasil – partido conhecido como “Desunião Brasil” por causa de suas divergências internas – escancarou uma série de disputas regionais nas fileiras do Centrão.

Filiado ao União Brasil, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, lançou sua pré-candidatura à Presidência, mesmo sem apoio da maioria do partido e do PP de Ciro. Quando a federação for homologada pelo TSE, no entanto, os dois partidos precisam avalizar, por quatro anos, os mesmos candidatos nas eleições para a Presidência, os governos estaduais e as prefeituras.

A cúpula das duas siglas fez um ensaio dessa posição unificada ao anunciar, em setembro, o divórcio do governo Lula, embora ainda contabilize filiados no comando de ministérios, como André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo). Além disso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o deputado Arthur Lira (PP-AL) mantêm indicados em importantes cargos da administração federal.

Questionado pelo Estadão se está arrependido da aliança com o União Brasil, Ciro respondeu: “De jeito nenhum”.

Apesar da rota de colisão na montagem dos palanques, os partidos precisam pôr a federação de pé para ampliar as bancadas no Congresso e inflar os recursos dos fundos eleitoral e partidário, além do tempo de propaganda na TV. Juntos, o PP e o União Brasil têm hoje 109 deputados federais, 14 senadores, 7 governadores e 1.335 prefeitos.

Para valer nas eleições de 2026, a federação deve ser aprovada pelo TSE até o início de abril, seis meses antes das disputas.

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *