21 de novembro de 2025
Politica

Mulheres negras seguem sem representação no STF, aponta nota de coletivo

O coletivo “Mulheres Negras Decidem” lançou nesta quinta-feira, 20, uma nota nas redes sociais repudiando a indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do advogado-geral da União, Jorge Messias, para assumir a cadeira deixada pelo ministro aposentado Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF).

Para o coletivo, a decisão de Lula, anunciada no Dia da Consciência Negra e às vésperas da Marcha das Mulheres Negras em Brasília, ignora a população negra. “As mulheres negras decidem nas urnas. E Lula decide, mais uma vez, não nos ouvir”, inicia.

Mulheres negras seguem sem representação no STF, aponta nota de coletivo.
Mulheres negras seguem sem representação no STF, aponta nota de coletivo.

O coletivo acrescenta que a indicação de Messias segue um padrão histórico de exclusão e ignora a competência de juristas negras de todo pais. “Pela 12ª vez desde a redemocratização, o Brasil se recusa a reconhecer a excelência, a legitimidade e o legado das mulheres negras que sustentam este País”.

Em mais de 130 anos de história, o STF nunca teve uma mulher negra na Corte e contou com apenas três mulheres brancas como magistradas. Para o grupo, a escolha de Messias representa “mais uma porta fechada”.

“É mais uma porta fechada. Mais um gesto de desrespeito. Mais um capítulo do racismo estrutural que atravessa o sistema de justiça brasileiro e a vida das mulheres negras,”, diz o movimento.

Ainda em nota, o coletivo ressalta que a decisão de Lula evidencia um “entendimento anti-republicano da função constitucional” e, reforçou que as questões que chegam à Suprema Corte impactam diretamente a vida das mulheres negras.

“As questões que chegam à Suprema Corte impactam diretamente a vida da população brasileira, sobretudo de seus maiores grupos demográficos: mulheres e pessoas negras. No entanto, sob um olhar limitado pelo racismo e pela misoginia institucional, agendas fundamentais, como a justiça reprodutiva e a igualdade salarial entre homens e mulheres, permanecem paralisadas ou interpretadas de forma restrita, porque o entendimento da lei segue preso a uma perspectiva única, excludente e discriminatória, sustentada na velha desculpa de que ‘o Brasil não está preparado”, continuou.

E destacou que a indicação de uma mulher para o cargo não deve ser vista como medida compensatória, ressaltando que a ausência de mulheres negras no STF representa “um déficit democrático de longo prazo”.

“Ao optar por mais um homem branco para um mandato que pode durar até 30 anos, o presidente reforça o retrato de poder que historicamente exclui. Nesse sentido, a indicação de mulheres para cargos transitórios, como a AGU [Advocacia-Geral da União] ou ministérios, não pode ser tratada como medida compensatória para a exclusão histórica e duradoura na Suprema Corte. A ausência de mulheres negras no STF é um déficit democrático de longo prazo”.

 

 

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