22 de novembro de 2025
Politica

Quem perde e quem ganha com a prisão de Bolsonaro decretada por Moraes

A antecipação da prisão de Jair Bolsonaro por suposta tentativa de fuga – a sociedade nunca entrará em consenso sobre isso – traz de imediato uma série de consequências no tabuleiro político atual e com vistas às eleições de 2026. A fumaça ainda não baixou, mas é possível indicar alguns perdedores e vencedores imediatos.

Entre os primeiros derrotados, obviamente, está o movimento bolsonarista. Pegos de surpresa, seus integrantes não conseguiram, por exemplo, nem mesmo organizar uma manifestação pública de solidariedade ao líder, nos moldes que fizeram com Lula em 2018. A ida de Bolsonaro para uma jaula na PF ocorreu sem nenhum clamor popular aparente. Até agora ficou algo como: vida que segue.

Para a família Bolsonaro, haverá um dilema. Ou insistem num movimento solo, com o objetivo de manter a força popular, ou se unem a outras forças políticas de direita. Se correrem sozinhos, dividindo a oposição, o maior beneficiado será o presidente Lula, na corrida para a eleição. Em qualquer hipótese, o caminho a ser escolhido, sem dúvida, é buscar transformar Bolsonaro em mártir e, com isso, tentar agregar milhões ao movimento.

Movimentação em frente à Superintendência da PF em Brasília após prisão de Jair Bolsonaro
Movimentação em frente à Superintendência da PF em Brasília após prisão de Jair Bolsonaro

Como não existe vácuo de poder, alguns nomes, mesmo que da boca para fora neguem, entram no páreo para liderar a direita (uma lembrança aqui do filósofo Nietzsche de que a luta por poder é o que move o humano, em qualquer ambiente, mas sobretudo na política). O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, surge como força “natural” – para desgosto do deputado Eduardo Bolsonaro. Além de pontuar bem nas pesquisas, teria o apoio da centro-direita, do mercado financeiro e de parte do setor produtivo. O problema é combinar com os Bolsonaros.

Outro personagem, como o deputado Nikolas Ferreira, mesmo com a força das redes, ainda é jovem e líder político apenas dele mesmo. Os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema, de Goiás, Ronaldo Caiado, e do Paraná, Ratinho Júnior, ficam em compasso de espera. Algum outro nome?

Paradoxalmente, ganham com a prisão de Bolsonaro, num primeiro momento, todos os envolvidos com o caso do rombo no banco Master. Agora o preso celebridade do Brasil não é mais o banqueiro Daniel Vorcaro e nem a turma da série Tremembé. É o próprio Jair. O monumental escândalo financeiro – que chamuscou até mesmo a esposa do ministro Alexandre de Moraes, entre uma enorme lista de gente de todas as ideologias do Executivo, do Legislativo e do Judiciário – agora não está mais no primeiro plano. A depender dos desdobramentos, volta.

Por fim, mas não menos importante, a conjuntura fica um pouco mais difícil para o indicado de Lula ao Supremo, o advogado-geral da União, Jorge Messias. Além da oposição aberta do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, precisará explicar e provar que não será um ministro que ameace o Parlamento ou a classe política – como Moraes ou Flávio Dino apavoram. Com o preterido senador Rodrigo Pacheco numa cadeira do STF, esse risco praticamente não existiria.

 

 

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