25 de novembro de 2025
Politica

Bastidores: Banqueiros tratam Vorcaro e Bolsonaro como ‘liquidados’ em almoço da Febraban

Os maiores banqueiros do País se encontraram nesta segunda-feira, 24, no almoço anual da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos). Na sala VIP do encontro, enquanto aguardavam a chegada do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a conversa girava principalmente em torno destas indagações: Como e em quanto tempo será possível fazer a recuperação da liquidez do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) após a liquidação do Master?

Já sobre a situação do dono do Master, Daniel Vorcaro, preso desde o dia 18, não havia preocupação. “Vorcaro era problema até a liquidação do banco, agora ele é assunto liquidado”, resumiu um banqueiro à Coluna do Estadão, sob a condição de anonimato.

Não foi o único visto nessa condição. Segundo relatos feitos à Coluna, o ex-presidente Jair Bolsonaro, preso no último sábado, 22, também virou um “não assunto”. “Da forma que ocorreu, com ferro de solda na tornozeleira eletrônica, não há nem o que falar”, disse outro participante do almoço.

Fato é que os dois casos — Vorcaro e Bolsonaro — viraram assunto de polícia, e banqueiro gosta de falar de números e solidez de mercado.

Na parte aberta do evento, o papel do Banco Central para combater as fraudes foi destacada, inclusive pelo próprio presidente da instituição. Além do caso Master, a atuação dos mecanismos de controle foi fundamental para a realização da Operação Carbono Oculto, que revelou o uso de fintechs para a lavagem de dinheiro do crime organizado.

Galípolo disse que o trabalho de fiscalização da autarquia nunca tem um ponto final de chegada e que, por isso, trata-se de uma tarefa contínua. “A obra de supervisão nunca está completa, não só da supervisão. O trabalho do Banco Central não tem ponto de chegada; é um ponto contínuo, é um movimento contínuo”, afirmou. Ele também elogiou a Polícia Federal e o Ministério Público.

Sem mencionar o Master nem as fintechs, Isaac Sidney, presidente da Febraban, afimou que o setor bancário precisa de solidez e integridade, e que só é possível prosperar com ética. “Um setor bancário forte depende de um setor regulador forte”, ressaltou. Ele tambem elogiou o presisente do BC. “Galípolo conseguiu elevar a regua da dignidade institucional do Banco Central”, concluiu.

Ausência de Fernando Haddad evitou desconfortos

Neste ano o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não compareceu, pois está acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem para reunião da cúpula do G20. Nos bastidores, a ausência de Haddad evitou alguns desconfortos.

Recentemente, Haddad puxou um embate público com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, sobre a taxa básica de juros.

Nesta segunda-feira, Galípolo era a estrela do almoço e foi, inclusive, o sabatinado.

Outro fator para a ausência de Haddad evitar desconfortos é que, desde que passou a alinhar mais o seu discurso à retórica do PT contra a “Faria Lima”, muitas de suas declarações têm causado desconforto entre banqueiros.

Coube ao ministro interino, secretário-executivo da pasta, Dario Durigan, ouvir as observações dos banqueiros e apresentar os dados do governo. Ele disse que o País atingiu os melhores resultados das contas públicas em uma década. E também deu seus recados políticos.

“Contra todo o ceticismo, cumprimos a meta de resultado primário em 2024 e vamos cumprir mais uma vez em 2025. Projetamos para 2026 o primeiro superávit em muitos anos que o País não tem”.

E disse mais: “A gente não gosta de discurso ideológico vazio. A gente gosta de entrega”.

Também estavam presentes as ministras Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Esther Dweck (Gestão e Inovação), e o ministro Wolney Queiroz (Previdência).

No ano passado, o chefe da equipe econômica ouvira três mensagens: “que dureza!”, “siga firme” e “como podemos ajudar?”.

O clima no local era reticente, diante do pacote do corte de gastos anunciado um dia antes e que, no final das contas, ficou aquém da expectativa do mercado.

Imagem da câmera de segurança do Aeroporto de Guarulhos mostra dono do banco Master, Daniel Vorcaro, recebendo voz de prisão de um policial federal à paisana
Imagem da câmera de segurança do Aeroporto de Guarulhos mostra dono do banco Master, Daniel Vorcaro, recebendo voz de prisão de um policial federal à paisana

 

 

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