O elo que ainda une Bolsonaro e Tarcísio pós-prisão: o medo da pecha de traidor
Cresceu entre a elite política e econômica a percepção de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é o único candidato viável da direita ao Palácio do Planalto e que o ex-presidente Jair Bolsonaro perdeu a capacidade de indicar quem estará na urna em 2026.
Ainda que Tarcísio não deseje disputar a Presidência, a pressão em cima dele já está enorme, afirmam empresários, banqueiros e políticos ouvidos pela coluna.
Bolsonaro vai perdendo força a cada dia após o episódio da tornozeleira queimada, as sucessivas notícias de que está emocionalmente fragilizado na cadeia, e agora o fato de que efetivamente começou a cumprir a pena de 27 anos por tentativa de golpe de Estado.

Seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, também viu seu espaço ser reduzido como possível herdeiro político e candidato. Nesta terça-feira, 25, declarou que vai concorrer ao Senado pelo Rio de Janeiro. Seu papel na convocação de uma vigília a favor do pai também pode tê-lo deixado na mira das autoridades – embora não seja crime chamar uma manifestação pública que não atente contra a democracia.
A última esperança de seus aliados, paradoxalmente, era que Bolsonaro fosse enviado para a Papuda, o que poderia gerar uma onda de apoio por causa de uma suposta injustiça, já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou preso na Polícia Federal em Curitiba. O ministro Alexandre de Moraes, porém, decidiu mantê-lo na sede da PF em Brasília.
Experientes operadores políticos apontam, no entanto, que, se Bolsonaro não tem votos para ganhar as eleições do ano que vem, ele ainda tem apoio suficiente para atrapalhar o jogo da direita.
O elo que une Bolsonaro e Tarcísio hoje é a pecha de traidor, dizem. Na visão desses operadores, como ex-ministro e governador eleito à sombra de Bolsonaro, Tarcísio não poderia ser candidato à Presidência sem o apoio de Bolsonaro ou, pior ainda, concorrendo com um candidato avalizado por ele.
