Garnier é preso em hotel em Brasília com máxima discrição: ‘Não é para dizer nada’
O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha no governo Bolsonaro, foi preso nesta terça-feira, 25, com uma série de cuidados de militares e da Polícia Federal (PF) para manter o caso com a máxima discrição. Garnier estava hospedado havia meses no hotel Saint Paul, em Brasília, onde a Marinha tem quartos. O almirante deixou o prédio pela garagem, permitida apenas a funcionários, em uma comitiva de carros descaracterizados e com vidros escuros, sem pessoas fardadas por perto. Cumprirá 24 anos de prisão por participação na trama golpista.
A Coluna do Estadão acompanhou a movimentação no hotel nesta terça-feira. Cerca de uma hora antes de ele ser preso e deixar o prédio, uma funcionária fardada da Marinha, responsável pela administração dos hotéis de trânsito da Força no Saint Paul, foi à recepção deixar uma orientação.
Ela instruiu os três recepcionistas a liberar rapidamente o acesso ao quarto 913, de Garnier, para policiais ou militares que aparecessem dali em diante. Mas alertou que qualquer outra pessoa que perguntasse pelo ex-comandante deveria ficar sem qualquer informação: “Não é para dizer nada”. Em todas as ocasiões, Garnier era citado apenas como o “hóspede do quarto 913″.
A funcionária foi a única fardada a circular pelo hotel. Diversos homens de terno entravam e saíam do Saint Paul, sem qualquer distintivo da PF ou da Marinha. Parte usava rádios portáteis. Um deles, segurando envelopes grandes, falou brevemente com a recepção e pegou o elevador.
O nono andar, onde Garnier estava morando, tinha acesso extremamente restrito. Os quartos ao lado foram esvaziados. O elevador do Saint Paul só funciona se o hóspede inserir o cartão do andar em que está.
Do apartamento 913, o ex-comandante da Marinha foi para a garagem, proibida até para hóspedes. Só funcionários acessam o local. Em dois carros pretos descaracterizados e em alta velocidade, o almirante deixou o prédio e foi ao Comando Militar do Planalto começar a cumprir uma pena de 24 anos de prisão.
