1 de dezembro de 2025
Politica

Lula ou Alcolumbre, um deles será humilhado no caso Messias

Ao contrário de certas versões apaziguadoras sobre a nossa história, nem sempre a disputa política no Brasil é marcada por acordos e conchavos. Muitas vezes, desentendimentos avançam para uma luta política fratricida que deixa vítimas pelo caminho. Em alguns casos, mais extremos, quem perde a peleja costuma se vingar. A disputa entre o presidente da República, Luiz Inácio Lula Silva, e o do Congresso, Davi Alcolumbre, no imbróglio envolvendo o advogado-geral da União, Jorge Messias, na vaga do Supremo Tribunal Federal, aparenta ser um desses exemplos.

A história atingiu tal paroxismo que, em algum momento breve, alguém vai perder feio. Mesmo que cheguem a algum entendimento público, sobrará para um dos licitantes o gosto amargo da derrota. Se, eventualmente, Lula desistir de indicar Messias em nome de uma conciliação mais ampla, ele será o derrotado. Caso Alcolumbre ceda e aceite Messias, ficará inevitavelmente desmoralizado. Se o Senado não aprovar Messias, rompe-se uma tradição centenária. Se aprovar, humilha o próprio chefe.

Lula ao lado de Davi Alcolumbre em fevereiro
Lula ao lado de Davi Alcolumbre em fevereiro

Temos, portanto, uma crise que se acompanha com pipoca na mão, caso não ligássemos para os destinos do País (não é o caso). Infelizmente, essa história é apenas um sintoma de certa desmoralização da liturgia de sugerir nomes para o Supremo – em tese, um processo conjunto entre a Presidência e o Senado. Na cabeça de Lula, o importante é colocar alguém que lhe seja fiel. Questões como notório saber jurídico ou demandas de minorias estão em terceiro ou quarto plano. Talvez o mesmo pensamento esteja na cabeça de Alcolumbre.

Na atual conjuntura, o poder visível do governo para prejudicar o Senado está mais em ativar um bombardeio nas redes sociais, nos moldes de “Congresso inimigo do povo” e, quem sabe, conquistar a opinião pública. Há também um poder “invisível” que podemos ver os reflexos em algum momento. O Parlamento tem armas mais concretas nessa batalha – como pautas-bombas, e impedir o avanço de qualquer agenda legislativa do governo. O irônico é que, até a indicação de Messias, o Palácio do Planalto considerava que o foco de resistência à sua gestão estava na Câmara, e não no Senado.

Alcolumbre era tido como um parceiro confiável. Mas agora o presidente do Senado se sente traído. “Ajudou tanto” para não ter recompensas e se tornou o inimigo da vez. Por meio de uma nota, se mostrou indignado com insinuações de que exige, como moeda de troca para atender o governo, a direção de bancos estatais e autarquias. Lula considera que o STF é algo sensível demais até para ceder ao principal esteio de governabilidade no Legislativo. Enfim, se você não liga para os destinos do País, pode colocar o milho de pipoca no forno e acompanhar o desfecho desta história, no curto, médio e longo prazo.

 

 

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