Alcolumbre começou a negociar e aliados de Messias agora querem sabatina neste ano
Quem entende da política de Brasília e dos vaivéns dos intrincados caminhos que levam ao Supremo Tribunal Federal (STF) não têm dúvida: Davi Alcolumbre, presidente do Senado, começou a negociar.
Se ele quisesse derrubar a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para o tribunal, seguiria fazendo lobby contrário e manteria a sabatina para o dia 10, derrotando o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no plenário.
Alcolumbre soltou nota indignada, reclamando da “omissão” do governo em enviar a comunicação oficial, mas fez o gesto e cancelou a sabatina. Na prática, recuou. Saiu da rota de colisão com Lula.

E isso ocorreu logo após o senador Weverton Rocha (PDT-MA) almoçar com o presidente no Palácio do Planalto. Weverton é vice-líder do governo, mas também é amigo e da confiança de Alcolumbre. Costumam ficar em suas mãos relatorias de indicações importantes para cargos no Judiciário e em agências reguladoras.
É bem verdade que o presidente do Senado e seus aliados estão aborrecidos com o governo. Alcolumbre ficou muito contrariado com a recusa de Lula em aceitar a sugestão do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga no STF.
O problema se agrava, dizem pessoas próximas a ele, porque falta interlocução. O Senado vinha funcionando como uma barreira de contenção para o governo no Congresso. Barrou a PEC da Blindagem sem o Executivo precisar arcar com o custo político.
Aliados de Lula e de Alcolumbre dizem que uma nova conversa entre os dois é inevitável para distensionar o ambiente, mas o presidente está em viagem e não gosta de negociar pressionado.
Na próxima semana, no entanto, novas negociações devem ocorrer entre pessoas próximas.
Aliados de Messias agora dizem que o dia 17 de dezembro pode ser uma data adequada para a sabatina. Afirmam que o advogado-geral da União já conversou com praticamente todos os senadores. E que, se Alcolumbre for apaziguado, a missão fica mais fácil.
Vale lembrar que o presidente do Senado pode inverter o jogo, arrastando a sabatina por meses. Já fez isso com o ministro do STF, André Mendonça.
