Quem é Rodrigo Bacellar, presidente da Alerj eleito com o apoio de Castro, e preso pela PF
RIO – Eleito para a presidência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) com o apoio do governador Cláudio Castro (PL), o deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil) – preso nesta quarta-feira, 3 – mirava a cadeira do Palácio Guanabara sob as benções do bolsonarismo. A reportagem tenta contato com a defesa do parlamentar.
Com pouco mais de seis anos de experiência como político eleito, Bacellar buscou em alianças e no pragmatismo o caminho para o sucesso meteórico no Rio de Janeiro.
Já esteve ao lado de lideranças do PT – foi filiado ao partido quando jovem e não esconde dos aliados o histórico de líder estudantil com ligações sindicalistas, mas se firmou e chegou ao poder pelo Solidariedade, em 2018, ao se eleger como deputado estadual, e posteriormente pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2022.

Filho do ex-vereador de Campo dos Goytacazes, Marcos Bacellar, o presidente da Alerj herdou do pai a ligação com a base trabalhadora.
Eleito pela primeira vez com 26.135 votos, ele se aproximou do então presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), “dos petistas, o mais moderado”, como descrevem aliados. O salto de deputado recém-eleito para a posição de destaque veio com o processo de destituição do antecessor de Castro, Wilson Witzel. Bacellar foi relator do processo de impeachment do ex-juiz federal, em 2020.
A posição de um dos algozes de Witzel aproximou Bacellar de Castro e o cacifou à Secretaria de Governo do então recém-empossado novo chefe do Executivo do Rio de Janeiro.
A relação com Castro era tão próxima que o desembargador Peterson Barroso Simão afirmou durante o julgamento do caso do escândalo da Ceperj, que Bacellar “sabia de todos os acontecimentos” do esquema de corrupção e desvio de dinheiro público montado no núcleo do governo do Estado e agiu com o aval e cumplicidade de Castro.
A maioria do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) absolveu, no entanto, por 4 a 3, Castro, o vice-governador Thiago Pampolha e Bacellar pela suposta utilização indevida dos meios de comunicação social e abuso de poder político e econômico nas eleições de 2022.
Briga com Castro estremece relação
A relação próxima com o governador foi estremecida após Bacellar decidir exonerar o secretário estadual de Transportes, Washington Reis (MDB), sem a anuência de Castro, em julho deste ano.
A demissão ocorreu durante uma viagem do governador. Bacellar assumiu o cargo interinamente durante a ausência de Castro.
Bacellar passou a ser o primeiro na linha sucessória do Palácio Guanabara com a nomeação do ex-vice-governador Thiago Pampolha como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). O presidente da Alerj buscava se cacifar para ser o candidato do grupo político de Castro ao governo do Rio no ano que vem.
