4 de dezembro de 2025
Politica

Decisão de Moraes aponta influência de Bacellar sobre PM, Polícia Civil e no governo do Estado

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou, na decisão desta quarta-feira, 3, que decretou a prisão preventiva do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), que o parlamentar exerce influência sobre nomeações estratégicas na Polícia Militar, na Polícia Civil.

O despacho cita que Bacellar, além de comandar a Alerj, mantém influência direta sobre cargos do Executivo fluminense, “inclusive em setores sensíveis à atuação de organizações criminosas”. Para Moraes, essa capacidade de manipular estruturas da segurança pública aumenta a possibilidade de obstrução das investigações e reforça a necessidade da prisão preventiva.

Presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União).
Presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União).

A decisão foi tomada após a Polícia Federal apontar que Bacellar vazou informações da Operação Zargun, que prendeu em setembro o então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, por ligação com o Comando Vermelho.

A PF afirma que o presidente da Alerj recebeu imagens enviadas pelo próprio investigado durante o cumprimento do mandado e orientou o aliado a retirar possíveis provas antes da chegada dos agentes.

No documento, Moraes afirma que o caso revela um cenário de captura institucional que coloca em risco a atuação das instituições fluminenses. Ele cita que Bacellar figura como “agente político anômalo” capaz de comprometer a instrução processual, e que sua atuação se insere em um ambiente de “profunda infiltração do crime organizado no poder público” fluminense.

A PF relatou ainda que, no dia da operação, o governo do Rio e a cúpula da Alerj promoveram uma manobra regimental para substituir TH Joias por meio de um ato publicado no Diário Oficial, movimento que, segundo os investigadores, buscou blindar o grupo político afetado pela prisão. Moraes citou esse ponto, afirmando que a conduta indica atuação coordenada entre agentes políticos e interesses da facção criminosa.

Ao decretar a prisão preventiva, o ministro enquadrou o caso como crime permanente associado a organização criminosa armada, o que permite a prisão de parlamentar mesmo sob imunidade.

Segundo Moraes, medidas alternativas seriam insuficientes diante do “risco concreto” de interferência de Bacellar nas investigações e da “possibilidade real de continuidade delitiva” caso ele permanecesse no cargo.

 

 

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