80% defendem que governo Lula apoie paz entre Israel e Palestina sem tomar lado, diz AtlasIntel
Oito em cada dez brasileiros avaliam que o governo Lula deve defender a paz entre Israel e Palestina sem tomar partido de um dos lados da guerra. A pesquisa, obtida pela Coluna do Estadão, foi feita pela AtlasIntel a pedido da ONG StandWithUs Brasil, entidade educacional sobre Israel sem fins lucrativos. O levantamento será divulgado nesta quinta-feira, 4.
As relações diplomáticas entre Israel e Brasil estão rebaixadas. O País está sem embaixador em Israel há um ano e meio. Em julho, o Brasil aderiu a um processo na Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas que acusa o Estado israelense de cometer genocídio em Gaza. O presidente Lula (PT) coleciona declarações públicas reforçando a incriminação.
Questionados como o Brasil deveria se posicionar em relação ao conflito entre Israel e Palestina, apenas 18,4% defenderam que o País escolha um lado na guerra. Os entrevistados responderam:
- Apoiar uma solução que inclua a criação de dois Estados – 39,2%;
- Apoiar uma negociação de paz para o fim do conflito, sem se alinhar com qualquer lado – 33,9%;
- Apoiar apenas o lado palestino – 9,5%;
- Apoiar apenas o lado israelense – 8,9%;
- Afastar-se do conflito e não tomar partido – 7,1%;
- Não sei – 1,3%.
Ataque do Hamas foi massacre injustificado para 70%
Para 70,6%, a ofensiva do Hamas contra Israel em outubro de 2023 foi um massacre injustificado. A ação militar deflagrou o início da guerra. O Hamas é considerado terrorista por 61% dos entrevistados, e 64% dos entrevistados defendem que o governo brasileiro se aproxime mais de Israel.
Evangélicos são mais favoráveis a Israel
O apoio a Israel no conflito é maior entre os evangélicos, segundo o levantamento da AtlasIntel. Esse grupo religioso tem feito oposição ao governo Lula e é mais alinhado ao bolsonarismo. Eleitores do petista em 2022, por outro lado, demonstram maior simpatia pelo lado palestino no conflito, ainda de acordo com a pesquisa. Os evangélicos responderam o seguinte:
- 58,5% apoiam Israel;
- 89,5% dizem que o massacre de 7 de outubro foi injustificado;
- 74,5% atribuem ao Hamas a culpa pela guerra;
- 86,1% discordam do apoio do governo Lula à acusação da África do Sul na ONU contra Israel por genocídio.
Dados da pesquisa
A AtlasIntel fez 1.812 entrevistas digitais com brasileiros adultos entre 10 e 23 de setembro, antes do início do acordo de cessar-fogo em andamento. A margem de erro é de dois pontos percentuais, e o nível de confiança, 95%.
Relações entre Brasil e Israel estão rebaixadas
Em agosto, Israel rebaixou as relações com o Brasil depois que o Itamaraty desistiu de aprovar a indicação do diplomata Gali Dagan para o posto de embaixador em Brasília.
No dia seguinte, o ministério condenou declarações do ministro da Defesa israelense, Israel Katz, que havia chamado Lula de antissemita “apoiador do Hamas” e associado o presidente ao líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei.
A chancelaria brasileira classificou as declarações de Katz como “grosserias inaceitáveis contra o Brasil e o presidente Lula”.
Israel considera Lula ‘persona non grata’
Lula tem acusado Israel de genocídio diversas vezes durante o mandato. Em maio passado, o petista afirmou que Israel comete genocídio matando crianças e mulheres em Gaza “a pretexto” de eliminar terroristas.
Em fevereiro de 2024, o presidente disse que o Exército de Israel cometia genocídio contra os palestinos e fez referência ao Holocausto durante a ditadura nazista de Adolf Hitler.
Em resposta, Israel convocou o embaixador brasileiro no país para um evento no Museu do Holocausto, atitude que foi lida pelo Itamaraty como uma humilhação. Lula foi declarado “persona non grata” pelo governo israelense, ou seja, alguém que não é bem-vindo no país. Três meses depois, o Brasil retirou seu embaixador de Israel. O posto continua vago.

