17 de dezembro de 2025
Politica

Centrão esnoba Flávio, e Ratinho Jr. é visto como ‘última opção’ se Tarcísio ficar fora do páreo

Desde que lançou sua candidatura ao Palácio do Planalto, na sexta-feira, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) só colheu desconfiança. O movimento serviu para unir o Centrão contra sua entrada no páreo como o principal desafiante do presidente Lula. Mas não foi só isso: o grupo também ampliou a procura de outros nomes para a disputa de 2026.

A aparente unidade do Centrão não significa, no entanto, que os partidos desse consórcio lançarão apenas um concorrente ao Planalto. Nada disso. Na prática, um personagem deve ser observado com lupa nessa história: o presidente do PSD, Gilberto Kassab.

Secretário de Governo da gestão Tarcísio de Freitas, Kassab não foi ao jantar oferecido por Flávio a dirigentes do Centrão, na segunda-feira. O deputado Marcos Pereira – que comanda o Republicanos, partido de Tarcísio – também não apareceu por lá.

Flávio Bolsonaro faz malabarismo retórico e promete vestir figurino da moderação
Flávio Bolsonaro faz malabarismo retórico e promete vestir figurino da moderação

Há no mundo político uma máxima segundo a qual Kassab não dá ponto sem nó: se ele pular da janela, seu interlocutor também pode saltar atrás – de olhos vendados – porque uma rede de proteção o aguardará embaixo.

Exageros à parte, a ausência dos presidentes do PSD e do Republicanos na conversa com Flávio chamou a atenção. Quando era senador pelo PFL, o polêmico Antônio Carlos Magalhães (1927-2007), mais conhecido como ACM, se saiu com essa: “Jantar ao qual eu não vou, não vale”.

Kassab já havia conversado, no fim de semana, com o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). O filho do apresentador de TV Ratinho tem interesse na disputa ao Planalto.

O senador Ciro Nogueira, por sua vez, foi ao encontro de Flávio, acompanhado de Antônio Rueda, que dirige o União Brasil. Horas antes, porém, o presidente do PP estava em Curitiba.

Ciro tratou de um novo racha na federação com o União Brasil porque o PP não vai apoiar o senador Sérgio Moro ao governo do Paraná. Mas, sem produto competitivo para exibir na prateleira dos presidenciáveis, também está de olho em Ratinho Júnior para o confronto com Lula.

Apesar de ser amigo de Flávio, Ciro não vê chance nessa empreitada. Ex-ministro da Casa Civil sob Jair Bolsonaro – hoje preso por tentativa de golpe –, o senador sempre defendeu Tarcísio no jogo.

No papel de candidato a novo mandato, o governador de São Paulo disse que Flávio pode contar com ele. Quer demonstrar lealdade a Bolsonaro e resiste à pressão do mercado para enfrentar Lula. Lembrou, porém, que há outros nomes da direita em busca de um lugar ao sol: além de Ratinho Jr., estão nessa lista os governadores Romeu Zema (Minas) e Ronaldo Caiado (Goiás).

Flávio promete vestir o figurino de um Bolsonaro light. Tanto que fez um malabarismo retórico para recuar após admitir que tinha um preço para desistir da corrida ao Planalto: a anistia do pai.

Lula e o PT avaliam que a candidatura de Flávio não é para valer. Não querem jogar água no desidratado moinho do bolsonarismo, sob o argumento de que a estratégia não passa de um “bode” na sala. Tudo indica que Flávio negociou mesmo a redução de pena a Bolsonaro como condição para dar um passo atrás. Se esse leilão dará ou não resultado, no entanto, só o tempo dirá.

 

 

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