17 de dezembro de 2025
Politica

Flávio enfrenta tripé de rejeição, apela a Paulo Guedes, mas sobrenome Bolsonaro segue tóxico

Após pouco mais de uma semana com sua pré-candidatura lançada, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) conseguiu um feito político: formou um tripé de rejeição. O filho zero um do ex-presidente enfrenta desconfiança e resistência de partidos do Centrão, de parte do agronegócio e de setores econômicos.

Frente a esse cenário, Flávio marcou uma agenda de conversas para tentar apresentar seu nome como viável e mais equilibrado que o do pai ou dos irmãos. Embora não cite isso abertamente, claro.

A investida mais recente é uma tentativa de aproximação com o mercado financeiro e com empresários. Ele já teve uma reunião realizada na sede do Banco UBS, na semana passada. Programa outros encontros para esta semana e tem falado, cada vez mais, em chamar o ex-ministro da Fazenda Paulo Guedes para seu time.

Flávio pode fazer périplo na Faria Lima, mas neste momento a possibilidade de engajamento de grandes instituições em sua pré-campanha é zero. Os banqueiros afirmam que poderão abrir as portas a Paulo Guedes por respeito e por educação. Só isso!.

A leitura predominante entre eles é a seguinte: Não é Paulo Guedes e nem Adolfo Sachsida – principais nomes da política econômica do governo Bolsonaro – que vão limpar o estrago feito por essa família.

A pré-candidatura do filho zero um de Bolsonaro fez uma confusão já na largada. Naquele dia 5 de dezembro, a Bolsa despencou, o índice Ibovespa derreteu. O dólar disparou e fechou em alta de 2,29%. Isso porque o entendimento é que Flávio na corrida presidencial eleva a possibilidade de vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em primeiro turno.

Representantes de grandes bancos, portanto, continuam na expectativa de uma candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao Palácio do Planalto, e avaliam que o sobrenome Bolsonaro é tão tóxico que não pode estar na chapa nem para vice-presidente.

Esse mesmo entendimento cresce entre integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). A bancada do agro é a maior da Câmara e do Senado e sempre foi alinhada com Bolsonaro. Entretanto, depois de a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro contribuir para o tarifaço de Trump a produtos brasileiros e abalar os números das exportações, muitos deles já viraram as costas para o bolsonarismo.

A tentativa de Jair Bolsonaro de derreter a tornozeleira eletrônica tem sido citada como um dos motivos para eles buscarem encerrar esse capítulo da história apostando em um nome fora da família.

“É uma coleção de vexame”, observa um político descrente com os Bolsonaros. Primeiro foi Roberto Jefferson com disparos de fuzil e granada contra policiais federais, depois Carla Zambelli correndo com uma arma na mão em direção a um eleitor da oposição e agora foragida, teve ainda a fuga de Alexandre Ramagem, e tudo culmina com o ex-presidente tentando derreter a tornozeleira.

Flávio não conseguiu apoio sequer das lideranças do Centrão e da direita. Ele reuniu os presidentes do União Brasil, Antônio Rueda, e do Progressistas, Ciro Nogueira, em sua casa. O encontro terminou sem uma definição.

A rejeição a Flávio Bolsonaro pode ficar ainda maior. No próprio PL, sigla à qual o senador é filiado, há quem sinalize que a lista de problemas tende a avançar com outro grupo, o de evangélicos. Esse segmento vinha cada vez mais empolgado com eventual candidatura da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e há quem reclame de “traição” do enteado.

O senador  Flávio Bolsonaro (PL-RJ) após participar de culto na Igreja Comunidade das Nações, em Brasília, no diz 7 de dezembro
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) após participar de culto na Igreja Comunidade das Nações, em Brasília, no diz 7 de dezembro

 

 

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