19 de dezembro de 2025
Politica

Corpo de Fuzileiros Navais sai na frente e cria primeiro esquadrão de drones de ataques do Brasil

O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) ativou na última sexta-feira a primeira unidade de drones de esclarecimento e de ataques das Forças Armadas do Brasil. Com equipamentos fabricados pela Marinha, o Batalhão de Combate Aéreo do CFN terá um esquadrão expedicionário com cerca de uma centena de praças e 50 oficiais, que vai operar esses drones.

“Além do esquadrão, o corpo tem duas estruturas, outras organizações militares, que são a Escola de Drones , no centro de instrução, e uma unidade fabril expedicionária”, contou o capitão de mar-e-guerra, Rodrigo Rodrigues Fonseca, de 46 anos, comandante do batalhão. A Unidade Fabril Expedicionária (UFEx), do Centro Tecnológico do Corpo de Fuzileiros Navais (CTecCFN), já é capaz de fabricar componentes em campanha para prestas apoio industrial diretamente no campo de batalha, durante missões do CFN.

Essa transformação começou em 2008, quando os fuzileiros criaram sua primeira unidade de drones de reconhecimento. Recentemente, o CFN testou com sucesso, em Itaoca (ES), seu primeiro drone kamikaze, adaptando a tropa ao novo cenário do combate moderno. “Procuramos soluções de sistema de reconhecimento e desenvolvemos nossa loitering munition (drone de ataque asa fixa ou drone kamikaze)“, contou o comandante.

O drone de ataque tem 1,64 metro de envergadura, 65 cm de comprimento de fuselagem, autonomia de até 25 minutos e alcance de até 5 km. Ele leva carga explosiva capaz de neutralizar veículos e aeronaves. Além dos drones de ataque de asa fixa, o CFN também está desenvolvendo quadricópteros para o lançamento de explosivos.

O primeiro drone tático de ataque da Marinha foi testado durante a Operação Atlas pelo Batalhão de Combate Aéreo, que já usava modelos específicos para missões de inteligência, vigilância e reconhecimento. Equipamento tem 1,64 metro de envergadura, 65 cm de comprimento de fuselagem, autonomia de até 25 minutos e alcance de até 5 km e leva carga explosiva capaz de neutralizar veículos e aeronave
O primeiro drone tático de ataque da Marinha foi testado durante a Operação Atlas pelo Batalhão de Combate Aéreo, que já usava modelos específicos para missões de inteligência, vigilância e reconhecimento. Equipamento tem 1,64 metro de envergadura, 65 cm de comprimento de fuselagem, autonomia de até 25 minutos e alcance de até 5 km e leva carga explosiva capaz de neutralizar veículos e aeronave

De acordo com o comandante, já na operação em Itaoca a unidade fabril deslocou parte de seu efetivo e lá montou uma estrutura para a fabricação de peças em impressoras 3D, fazendo a manutenção de equipamentos. Trata-se de um modelo semelhante ao usado por unidades militares na Ucrânia e na Rússia e pela tropa de fuzileiros navais da França. Desde 2023, o CFN estreitou a cooperação militar com os militares franceses, mantendo operações de treinamento e intercâmbio de oficiais, compartilhando suas experiências com drones.

No caso do CFN, o batalhão comandado por Rodrigues é responsável pela defesa antiaérea e pelo controle das operações aéreas na área onde a tropa dos fuzileiros é empregada. Os drones de reconhecimento têm como função identificar e controlar em profundidade o ambiente de combate onde a tropa está atuando, além de identificar alvos que seriam engajados por meio dos drones de ataque com maior eficiência e precisão, evitando danos colaterais.

O plano da Marinha é estender o uso de drones. Para tanto, novos cursos e estruturas foram criados. Esse são os casos da Escola de Drones, que vai começar sua atividades em 2026, no Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo (CIASC), e da UFEx. Na escola serão formados os operadores desses equipamentos. Com o tempo, cada unidade do CFN poderá operar drones menores para desempenhar tarefas específicas de reconhecimento e até de destruição.

O novo esquadrão de drones táticos de esclarecimento e de ataque criado pela Marinha no Corpo de Fuzileiros navais: o primeiro do tipo no Brasil
O novo esquadrão de drones táticos de esclarecimento e de ataque criado pela Marinha no Corpo de Fuzileiros navais: o primeiro do tipo no Brasil

O novo esquadrão representa, assim, segundo o comandante-geral do CFN, almirante Carlos Chagas Vianna Braga, “um novo paradigma de como os militares devem lidar com as novas tecnologias”. De acordo com o almirante, ele “já nasce como uma unidade tecnologicamente avançada e com uma filosofia diferente”.

“Atualmente, o mundo vive um novo paradigma, no qual os militares devem estar aptos a operar com máquinas, ou seja, lado a lado com máquinas, muitas vezes, autônomas. São ações inovadoras na essência, de simples implementação e baixo custo inicial, mas que trarão enormes vantagens no futuro”, afirmou.

Para a Marinha, os “drones de esclarecimento desempenham papel essencial” com seus sensores electro-ópticos, infravermelhos e termais, que ”fornecem uma consciência situacional precisa, permitindo que decisões críticas sejam tomadas com agilidade, segurança e embasamento técnico”. Além disso, segundo a Força Naval, “o novo esquadrão reforça a capacidade de produzir efeitos táticos de maneira proporcional e calibrada”.

Além dos drones de ataque de asa fixa, a marinha está desenvolvendo quadricópteros para o lançamento de artefatos
Além dos drones de ataque de asa fixa, a marinha está desenvolvendo quadricópteros para o lançamento de artefatos

Isso significaria executar missões de ataque controlado com maior poder dissuasório e eficiência. “Em um mundo onde conflitos tornam-se cada vez mais assimétricos, essa flexibilidade é um diferencial incontornável”, informou a Marinha. Por fim, a Força acredita que o novo esquadrão “não apenas amplia a capacidade de causar danos a eventuais ameaças, mas também fortalece a capacidade de proteger vidas, prevenir incidentes e mitigar riscos”.

Ou como concluiu o comandante do batalhão: “Isso mostra nosso compromisso com a inovação, o que depende da previsibilidade orçamentária para que projetos como estes possam ter produção em escala. A atualização tecnológica não pode parar, pois a cada seis meses, tudo pode mudar. O mundo está nesse caminho e não podemos ficar para trás”.

 

 

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