20 de dezembro de 2025
Politica

PT aderiu ao acordão da Dosimetria para dar ao governo Lula a fantasia de cumpridor de metas fiscais

Davi Alcolumbre entregou a sua parte no trato. Não fez favor, como se verá. Faltava o governo Lula no acordão, que costurou bolsonarismo, Centrão, os comandos do Congresso e aquela porção do Supremo composta por senadores-consultores togados. Não falta mais. O governo aderiu. Aos 45 do segundo tempo, no Senado. Não sem cálculo. Certamente sem favor, como se verá.

Aderiu ao acordo pela aprovação do projeto de redução de penas, chamado de PL da Dosimetria. Projeto que tem Jair Bolsonaro como objeto beneficiado. O líder do governo, Jaques Wagner, admitiu. Argumentou que o trem seria aprovado de qualquer maneira, cedo ou tarde. Subentendido que via vantagem em acelerá-lo, em troca da aprovação de pauta fiscal decisiva para o Planalto. Subentendido no subentendimento que Lula vetaria o texto adiante… Há um teatro. Lula o vetará. O Congresso derrubará o veto e ficará com o ônus, explorado pelos governistas, de “defensor de golpista”.

Lula ao lado do presidentre do Senado, Davi Alcolumbre
Lula ao lado do presidentre do Senado, Davi Alcolumbre

O presidente da República disse que não sabia do acordo. Não é raro que não saiba de cousas havidas em sua gestão, geralmente as incômodas. Faz escola, aliás. Fernando Haddad, ministro da Fazenda desde janeiro de 2023, só saberia que os Correios estavam falidos em setembro de 2025 – talvez porque a empresa estivesse privatizada no curso de quase três anos, só agora retomada pela administração petista…

O senador Wagner pode matar a responsabilidade no peito sozinho. Dizer que negociou o arranjo por conta própria. Não estava sozinho. Não conseguiria relaxar a tramitação do bicho sem ajuda. Porque o PT, afora discursos indignados em rede social, deixou rolar. Os outros senadores petistas – Randolfe Rodrigues e Rogério Carvalho desapareceram – permitiriam que o troço corresse. O partido não trabalhou regimentalmente – como poderia e sabe proceder – para travar-adiar a prosperidade do texto na CCJ.

E o projeto então avançou, com pedido de vista de apenas quatro horas, admitida também a controversa leitura de que a emenda de Sérgio Moro ao relatório de Esperidião Amin seria de redação – e não de mérito. Solução-puxadinho tão garantidora de que o projeto não voltará à Câmara quanto de que provocará um mandado de segurança ao STF.

Pouco depois, o plenário do Senado o aprovou. Pouquíssimo depois, passaria a votar o projeto – o de sustentação da fantasia cumpridora de metas de Haddad – que corta isenções fiscais e aumenta impostos, conta de mais de R$ 20 bilhões; projeto fundamental para que se pudesse fechar, por mentira crível, a lei orçamentária de 2026, aquela em que se formalizou um calendário para pagamento de emendas (fundo eleitoral paralelo) antes das eleições, sonho antigo dos senhores do orçamento secreto; projeto em que se embutiu a alcolúmbrica reabilitação de emendas parlamentares canceladas, restos a pagar do período entre 2019 e 2023, requentados R$ 3 bilhões que poderão ser disparados até dezembro do ano eleitoral. Projeto aprovado.

 

 

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