30 de dezembro de 2025
Politica

Instituto Travessia: 36,1% votariam em nome apoiado por Tarcísio em SP se ele não disputar reeleição

Se disputar a Presidência da República, Tarcísio de Freitas (Republicanos) deve ter força para emplacar um sucessor em São Paulo. Pesquisa do Instituto Travessia, obtida com exclusividade pelo Estadão, indica que há um contingente expressivo de eleitores dispostos a seguir a indicação do governador – ou, ao menos, a considerá-la.

Segundo o levantamento, 36,1% afirmam que votariam em um candidato apoiado por Tarcísio, enquanto outros 26,6% dizem que “talvez” seguissem a indicação. Na prática, isso significa que 62,7% dos paulistas se mostram abertos a um nome chancelado pelo governador. Em sentido oposto, 34,8% rejeitam votar em alguém identificado como seu candidato, e 2,5% não souberam responder ou preferiram não opinar.

Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, pode disputar a Presidência no ano que vem
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, pode disputar a Presidência no ano que vem

“Existe uma vontade de votar em um candidato de Tarcísio. A soma dos que votariam com os que talvez votassem em um nome apoiado pelo governador passa de 60%. Isso indica que candidatos ligados a Tarcísio, como Felício Ramuth (vice-governador) ou Ricardo Nunes (prefeito de São Paulo), tendem a crescer nas pesquisas e hoje aparecem atrás mais por falta de conhecimento”, avalia Renato Dorgan, CEO do Instituto Travessia.

A pesquisa entrevistou 1.000 eleitores de São Paulo por telefone entre os dias 16 e 18 de dezembro. A margem de erro é de três pontos porcentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.

O voo presidencial de Tarcísio perdeu força depois que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciou que foi escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como seu sucessor nas urnas. Embora o governador tenha declarado apoio a Flávio, dirigentes do Centrão e aliados do chefe do Executivo paulista não descartam um recuo do senador e a passagem do bastão para Tarcísio.

Nos bastidores da política paulista, discute-se quem seria o escolhido por Tarcísio para sucedê-lo no Estado. Nos últimos meses, cresceu a hipótese de o vice-governador Felício Ramuth (PSD) assumir o Palácio dos Bandeirantes e disputar a eleição no cargo. Ramuth foi, inclusive, citado como o “nome natural” pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).

O levantamento testou dois cenários de segundo turno envolvendo Ramuth. Contra o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ele perde por 43,4% a 14,3%. Brancos e nulos são 24,9% e indecisos, 17,4%. O vice-governador também seria derrotado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), por 41,8% a 15,5% – aqui, brancos e nulos são 24,3% e indecisos, 18,4%. O abismo, no entanto, provavelmente tem a ver com o fato de Ramuth ser desconhecido da população, afirma Dorgan.

Também são cotados como sucessores o presidente da Alesp, André do Prado (PL), o presidente do PSD e secretário de Governo na gestão paulista, Gilberto Kassab, e o ex-secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL).

Entre os possíveis candidatos testados pelo Travessia, Haddad é quem tem a maior rejeição: 35,2% dos paulistas não votariam nele para governador de São Paulo de jeito nenhum. Em seguida, estão: Alckmin, com 28,4% de rejeição, Kassab e Nunes com 27,4% cada, Tarcísio, com 24,8%, e Ramuth com o menor índice, 19,4%.

Embora a rejeição de Kassab seja a mesma de Nunes, na simulação de segundo turno contra o vice-presidente Geraldo Alckmin, Kassab aparece com 16,5% das intenções de voto, atrás de Alckmin, que soma 42,2%. Nunes se mostra mais competitivo: numa disputa direta com o vice-presidente, alcança 32,6% contra 39,2% do ex-tucano.

Contra Haddad, Kassab perde por 43,3% a 16,5%. Nunes também perde para o petista, mas por uma margem menor: 39,7% a 32,7%.

O empecilho, no caso do prefeito da capital, é político. Partidos do Centrão temem perder espaço na Prefeitura caso Nunes deixe a gestão municipal para disputar o Palácio dos Bandeirantes. A cidade passaria a ser governada pelo vice-prefeito, o bolsonarista Mello Araújo (PL), que não tem sinergia com os partidos da base do prefeito.

O Instituto Travessia também questionou qual deveria ser o caminho de Tarcísio em 2026. Para 29,5%, o governador deveria tentar a reeleição; 15,7% preferem que ele dispute a Presidência e 33,3% não apoiam nenhuma das duas alternativas. Outros 21,5% não quiseram responder.

Para um quarto dos paulistas, Alckmin é de esquerda

A esquerda ainda não decidiu quem escalará para disputar o Bandeirantes contra Tarcísio – ou outro nome de seu grupo. Como mostrou o Estadão, Lula tem sinalizado preferência por Haddad, mas o ministro resiste.

Outro nome seria o vice-presidente Geraldo Alckmin, que já governou o Estado em quatro ocasiões pelo PSDB. Em 2022, ele deixou o partido para formar a chapa com Lula e se aliar ao PT, seu adversário histórico em São Paulo.

“A situação do Alckmin é preocupante porque ele é visto como esquerda”, analisa Dorgan, lembrando que o eleitorado do Estado tende à direita – segundo a pesquisa, 29,8% dos entrevistados se identificaram dessa forma, contra 19,3% de esquerda e 15,3% de centro.

Segundo o Travessia, 24,5% dos entrevistados consideram Alckmin como de esquerda e outros 7,2% como centro-esquerda; 18,3% o veem como de centro, enquanto 8,3% o colocam à direita e 1,1% na centro-direita. Não souberam ou não quiseram responder a pergunta 40,6%.

Já no caso de Tarcísio, a percepção é bem mais definida. São 48,3% os que classificam o governador como um político de direita. Outros 6,9% o colocam na centro-direita e 6,2% no centro. A associação com a esquerda é residual: 3,1%. Ainda assim, um contingente relevante – 34,9% – diz não saber ou prefere não responder.

Tarcísio é aprovado por mais da metade dos paulistas

A aprovação de Tarcísio de Freitas no Estado chega a 54,8%, frente 38,8% que desaprovam sua gestão. No comparativo, o governador está mais bem posicionado que Lula, que registra 59,2% de desaprovação e 36,2% de aprovação.

Em um eventual segundo turno presidencial entre Tarcísio e Lula, a direita largaria na frente em São Paulo: o governador soma 44,7% das intenções de voto, contra 36,1% do petista. O cenário muda, porém, quando o adversário é Flávio Bolsonaro. Nesse caso, a vantagem passa para Lula, que aparece com 39,9% ante 32,3% do filho “01″ de Jair Bolsonaro.

 

 

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