Tarcísio arrebanha apoio político de CEOs na Brazil Week, em Nova York, embora evite falar de 2026
NOVA YORK – O governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos), aproveita a Brazil Week, em Nova York, para atrair apoio da iniciativa privada e do mercado financeiro, caso avance em direção à disputa presidencial de 2026.
Tarcísio tem sido presença frequente na cidade na última década, mas, desta vez, uma das estratégias utilizadas é estar em eventos de bancos americanos e brasileiros, que até então eram fechados para políticos.
Foi assim que ele conseguiu uma fala de pouco mais de 20 minutos no tradicional almoço que o Citi realiza para um petit comité de executivos, conselheiros de empresas e gestoras no restaurante do Museu de Arte Moderna de Nova York, com duas estrelas Michelin, nesta terça-feira. Estavam presentes 80 pessoas, segundo uma pessoa que participou do evento.
O governador de São Paulo fez a primeira participação política em 30 anos do evento, que começou como palco para os homenageados do Person of the Year Awards (POY), organizado pela Câmara de Comércio Brasil-EUA (Brazilcham).
De acordo com uma fonte, que pediu para falar na condição de anonimato, a sugestão de seu nome para falar no evento do banco americano foi feita por dois CEOs. O almoço do Citi reuniu executivos de empresas como Braskem, Marfrig, Equipav Saneamento, Pátria Investimentos, Cutrale, Unipar, Agibank, Stone Pagamentos, dentre outras.
“Nós não precisamos de pessoas. Nós precisamos de um projeto. Nós precisamos organizar essa energia que nós temos aqui, esse setor que faz a diferença para que a gente possa construir um projeto de Brasil”, disse Tarcísio, sem citar nomes, ao falar no almoço do Citi, a uma plateia recheada de CEOs.

Antes da Brazil Week, o governador de São Paulo teria sondado aliados na iniciativa privada sobre boas oportunidades de palco na Brazil Week, que é promovida tradicionalmente em maio, em Nova York. As sugestões desses interlocutores teriam sido os eventos do Citi e da BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, com cerca de US$ 11,6 trilhões em ativos sob gestão, conta uma fonte a par dos bastidores.
Nesta quinta, Tarcísio também participa do evento do BTG Pactual, em Manhattan, na parte da manhã. Seu nome também está previsto no almoço que o Itaú BBA realizará a clientes na quinta-feira, dia 15, fechando a conferência que o banco promove para representantes de empresas da América Latina e investidores estrangeiros.
“Não vou falar sobre política brasileira, principalmente porque podemos ter o futuro presidente sentado a um metro e meio de mim”, disse o CEO da consultoria de risco político Eurasia, Ian Bremmer, durante evento do Citi, referindo-se a Tarcísio, seguido por aplausos da plateia.
Dentre outros possíveis presidenciáveis, executivos em Nova York citam ainda os governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). Todos são obrigados a se desincompatibilizarem de seus cargos públicos até abril do próximo ano se forem disputar o Planalto.
“O Tarcísio tem mais chances de vencer o presidente Lula, embora ele não tenha uma penetração no Nordeste que é importante”, diz um banqueiro brasileiro, na condição de anonimato.
Ele alerta para a possibilidade de o governo Lula adotar medidas eleitoreiras, na esteira do que fez o então presidente Jair Bolsonaro, em 2022, para conseguir capital político. Isso, na sua visão, não só pioraria a situação das contas públicas bem como poderia complicar a disputa ao Planalto no próximo ano.
Nos bastidores, Tarcísio tem dito que só deixa o governo de São Paulo para concorrer à Presidência da República se tiver apoio de Bolsonaro. Ele também ressalta que não gostaria de deixar o cargo em abril do ano que vem sem qualquer definição para que seu futuro não fique nas mãos de outra pessoa. Além disso, tem dito que Lula pode se recuperar nas pesquisas e tornar-se um adversário mais difícil do que é hoje.
Questionado na segunda-feira em Nova York, ele afirmou que ainda está muito cedo para falar sobre a eleição presidencial de 2026. “Está muito longe. A gente não tem de falar em eleição agora, tem de falar em entrega”, disse o governador, a jornalistas, em evento do Esfera, na noite de ontem.
Questionado se existe direita no Brasil sem o Bolsonaro, afirmou que “não”. Mas, no evento do Citi, Tarcísio fez um discurso de candidato, demonstrou preocupação com a agenda fiscal e defendeu um projeto para o Brasil, incluindo reformas como a orçamentária e privatizações.
De executivos, ouviu como sugestão falar mais sobre os projetos já realizados.“Estou sempre pensando no próximo”, respondeu ele, conta uma fonte.
Ao fim de sua fala no almoço do Citi, o governador de São Paulo fez um claro pedido de apoio. “A gente tem condição de mobilizar muito capital para o Brasil. A gente tem condição de fazer muita diferença. A minha confiança está em vocês. Vocês vão ter condição de mobilizar a política das respostas que nós precisamos”, concluiu Tarcísio, sendo novamente aplaudido pela plateia.