4 de julho de 2025
Salvador

Era Uma Vez Brasil promove encontro com professores da rede municipal de Salvador

Foto: Otávio Santos/Secom PMS

Reportagem: Mateus Soares e Nilson Marinho/Secom PMS

Na 9ª edição em 2024, o projeto Era Uma Vez Brasil esteve nesta quinta-feira (15), na Biblioteca Juracy Magalhães Júnior, no Rio Vermelho, reunindo professores que atuam pelo município de Salvador para um bate-papo que teve como tema “Quem conta a nossa história?”. Ativista indígena e escritora, Geni Nuñez participou do encontro, trazendo para os profissionais da educação uma visão a partir das perspectivas de povos indígenas e afro-brasileiros.

A coordenadora do projeto, Marici Vila, lembra que a ideia da ação teve início em 2016 e que, desde então, é realizada todos os anos, sempre em parceria com as escolas municipais da capital baiana. O projeto consiste em seis encontros com professores de história do 8º ano do Ensino Fundamental II.

“A proposta é oferecer um novo olhar sobre a história do Brasil, ou seja, descolonizar esse olhar. Queremos trazer à luz a história contada a partir das perspectivas dos povos indígenas e afro-brasileiros. Estamos hoje no nosso segundo encontro, onde trabalhamos diretamente essa temática. Depois, os professores levam esse conteúdo para a sala de aula, onde os alunos são desafiados a reinterpretar a história e criar histórias em quadrinhos com base nesse novo olhar”, diz.

Acampamento educativo – Após os encontros, os professores levam o que aprenderam para os alunos. Eles, por sua vez, ficam com a missão de produzir HQs sobre a temática. Os materiais são avaliados por uma comissão, que seleciona os melhores trabalhos. Neste ano, cerca de 900 alunos vão fazer parte desta ação.

“Estamos atualmente na primeira etapa, que envolve formações com professores. Convidamos todos eles a participarem de seis encontros formativos. Neles, trabalhamos a temática da edição e oferecemos suporte para que eles levem essa nova abordagem à sala de aula. A partir disso, os alunos desenvolvem histórias em quadrinhos, que são a ferramenta pedagógica proposta pelo projeto. Após a avaliação, selecionamos os 100 melhores autores para a segunda etapa do projeto”, detalha Marici.

Ainda de acordo com a coordenadora, na segunda fase é realizado um acampamento educativo de uma semana, em uma escola da capital baiana. Durante esse período, os alunos vivenciam experiências práticas, como, por exemplo, uma imersão em uma aldeia indígena ou em um quilombo.

“Com base nessas vivências, os estudantes produzem quatro curtas-metragens. Após isso, lançamos um livro com as HQs da primeira fase e realizamos um evento de divulgação dos curtas. Todo esse conteúdo também fica disponível em uma plataforma on-line”, diz.

Entender o passado – Na fase final, 15 estudantes são selecionados e convocados para uma viagem a Portugal, que irá acontecer em novembro deste ano. No país europeu, os jovens apresentam suas produções para estudantes portugueses. “A ideia é levar os produtos culturais desenvolvidos por eles e promover um diálogo direto com o país que nos colonizou, mas agora sob a perspectiva de quem foi colonizado. Essa vivência busca abrir reflexões sobre os caminhos da história do Brasil”, finaliza a coordenadora do projeto.

Braulio Rodrigues de Freitas é um dos professores de História que participaram do encontro. Ele leciona nas escolas municipais do Pescador, em Itapuã, e Clériston Andrade, em São Marcos. No projeto, o profissional está representando a Escola Municipal Pescador.

“Acredito que é uma atividade extremamente válida. Ela nos permite reconhecer, primeiramente, as nossas origens. Só conseguimos avançar como povo se entendermos o nosso passado, e não o passado contado de forma distorcida, como infelizmente acontece muitas vezes”, avalia.

Segundo ele, o projeto ajuda a desconstruir a ideia de que os povos originários e africanos são apenas capítulos paralelos da história. “Quando se fala em povos originários ou povos africanos, há uma separação imaginária, como se nós não fizéssemos parte disso. E fazemos. O Brasil é resultado direto dessa história, dessa mistura, ainda que feita de maneira violenta, com dor e opressão”, completa Freitas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *