Definição de candidatos do PT em 2026 só deve ganhar tração após eleição do partido
BRASÍLIA – A definição dos nomes que podem ser candidatos pelo PT nas eleições do ano que vem deve avançar somente a partir da escolha do próximo presidente da legenda, apurou o Estadão/Broadcast. A eleição interna do partido está marcada para o início de julho. Até lá, as conversas sobre candidaturas aos governos estaduais e ao Senado continuam ocorrendo nos bastidores, mas sem uma definição concreta.
O principal motivo para isso é que dependerá do próximo presidente do PT analisar e fechar as alianças nos Estados e alinhar, junto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os melhores palanques para a candidatura presidencial da legenda. O ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva é o favorito para a eleição de julho. Concorrem com ele Rui Falcão, Valter Pomar e Romênio Pereira. O prazo para o registro das chapas terminou nesta segunda-feira, 19.

Nos últimos dias, o nome do ministro Fernando Haddad (Fazenda) ganhou força para ser candidato nas eleições do ano que vem, ainda que o cargo não esteja definido. Ele teria sido convencido por Lula a ficar à disposição do partido a partir de abril do ano que vem para concorrer a algum posto estratégico. Pessoas próximas aos envolvidos, no entanto, negaram à reportagem que o encontro para tratar desse tema tenha existido.
O Estadão/Broadcast apurou que integrantes do PT acreditam que o partido precisa ter um palanque forte em São Paulo para repetir ou melhorar o desempenho de 2022. Uma eventual disputa com Tarcísio de Freitas (Republicanos) pelo governo paulista é vista como muito difícil, mas petistas acreditam ser necessário ter um candidato forte que garanta a Lula os votos necessários. Haddad tem sido citado por integrantes do PT como um nome para a disputa pelo governo do Estado como ocorreu em 2022. Geraldo Alckmin (PSB), atual vice-presidente, também.
O PT entende, da mesma forma, que é preciso ter candidatos fortes ao Senado para se contrapor aos bolsonaristas, que têm encarado a eleição de 2026 como a chance de formar maioria na Casa Alta do Congresso e conseguir levar adiante pautas como o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal. Haddad, novamente, surge como um nome muito citado entre pessoas influentes do partido para a disputa pelo Senado.
Outro interlocutor do PT confirmou que, com exceção de Lula como candidato à reeleição, as demais discussões ainda estão em aberto no partido – inclusive um eventual apelo a Haddad. Com a definição do novo comando nacional do PT e seus diretórios, ficará mais clara a correlação de forças interna, o que vai se refletir na definição dos cargos em disputa. Até lá, tudo ficaria em banho-maria, até mesmo para se poder sentir a temperatura das movimentações da direita nos próximos meses.
A avaliação é de que há muito em jogo nas disputas pelos governos estaduais e que há cerca de 12 pleitos que são muito importantes do ponto de vista eleitoral. Além de São Paulo, a ênfase é no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul, no Paraná e em Pernambuco.
O que já está claro é que as articulações para 2026 já estão a todo o vapor. Enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) emperra as movimentações de um candidato da direita, outro ex-presidente, Michel Temer (MDB), foi a público pedir que governadores se mobilizem para lançar um candidato único ao cargo. A esquerda segue com o discurso uníssono de que o presidente Lula deve tentar a reeleição. Em evento em Nova York nesta quarta-feira, 14, Tarcísio de Freitas garantiu que não será o candidato da direita ao Planalto. “Vou ficar em São Paulo”, assegurou.