30 de junho de 2025
Politica

Testemunha diz que 8/1 surpreendeu Braga Netto após vôlei na praia; Mourão e Olsen falam à tarde

BRASÍLIA – O coronel do Exército e membro do Clube Militar Waldo Manuel de Oliveira Aires disse, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira, 23, que ele e o general Walter Braga Netto ficaram sabendo do ataques golpistas do 8 de Janeiro depois de uma partida de vôlei na praia de Copacabana e ficaram “surpresos” com os acontecimentos.

“Pelo histórico das manifestações de conservadores, são manifestações pacíficas. Causou estranheza. A reação do general Braga Netto foi de surpresa”, afirmou Aires. Ele foi uma das testemunhas de defesa ouvidas na manhã desta sexta no processo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro é acusado de tentativa de golpe de Estado.

Braga Netto foi preso no Rio de Janeiro em dezembro de 2024
Braga Netto foi preso no Rio de Janeiro em dezembro de 2024

Também prestou depoimento na audiência pela manhã Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho, que trabalhou na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e é testemunha do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). À tarde, participarão o ex-vice-presidente e atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, e o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo.

Aires, testemunha de Braga Netto e amigo da família, relatou que foi o filho do general que o informou sobre a depredação nas sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023. “Pelo que eu conversei com a esposa dele, dona Kathya, eles ficaram sabendo através do telefonema do filho, que pediu para que os pais ligassem a televisão para verem o que estava acontecendo em Brasília”, disse.

A testemunha disse que evitava conversar sobre política com Braga Netto durante esse período.

Braga Netto é acusado de ter participado diretamente da trama golpista. Segundo relatório da PF, o general organizou em sua casa uma reunião para discutir planos do golpe, pressionou militares de alta patente a aderir a empreitada e apoiou financeiramente uma tentativa de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Braga Netto foi preso preventivamente em dezembro de 2024 e permanece detido.

O primeiro a depor nesta sexta-feira, Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho, foi alvo de uma questão de ordem inicial do procurador-geral da República, Paulo Gonet.

O procurador-geral alegou que Coelho não poderia ser ouvido como testemunha porque ele é investigado no caso da Abin paralela e o uso indevido do sistema de espionagem FirstMile quando Ramagem era diretor da agência e pode virar réu.

“A acusação entende que essa testemunha não pode ser ouvida nessa qualidade, até porque não tem o dever de falar a verdade, não pode ser compromissada, não pode violar o direito de autoincriminação”, afirmou Gonet.

O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes acatou parcialmente o pedido. “Ele não está obrigado a dizer a verdade sobre fatos que podem o incriminar, mas advirto que em relação aos fatos que não possa se autoincriminar, em relação aos fatos que ele não está investigado, ele não pode mentir. O direito ao silêncio não é um direito amplo à mentira”, disse.

O uso do FirstMile foi o principal o ponto questionado pela defesa de Ramagem. Coelho disse que Ramagem teve “conduta proativa para investigar não só a irregularidade formal da ferramenta e a utilização” do dispositivo de espionagem.

A Polícia Federal afirma que Ramagem se tornou um dos principais conselheiros do ex-presidente e articulou ataques ao STF. Trocas de mensagens apontaram, segundo as investigações, que Ramagem incentivava Bolsonaro a confrontar os ministros. A defesa do deputado classificou os indícios como “tímidos” e negou envolvimento dele em atos golpistas.

 

 

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