Bloqueio de emendas é ‘arma’ do governo para convencer Centrão a manter alta do IOF
O governo Lula tem um argumento na ponta da língua para tentar convencer o Centrão a ignorar a ofensiva oposicionista e votar a favor do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF): sem a alta do tributo, o Planalto terá de ampliar a contenção de despesas, e isso pode gerar bloqueio no pagamento de emendas parlamentares.
Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmaram à Coluna do Estadão que a relação é direta e “é tudo o que os líderes do Congresso não querem”.
Na última quinta-feira, 22, o governo anunciou R$ 31,3 bilhões em contenção de gastos para cumprir as metas fiscais. Desse montante, R$ 7,8 bilhões foram em emendas, de acordo com a proporcionalidade prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para bloqueio e contingenciamento de despesas.
A aposta entre governistas é que, para não elevar essa proporção, o grupo político que domina o Legislativo vai frear o andamento dos projetos de decreto legislativo (PDL) apresentados por deputados da oposição para derrubar todo o aumento do IOF – após repercussão negativa, o próprio Ministério da Fazenda revogou parte do decreto.
IOF e bloqueio de emendas causa mal-estar na relação com Câmara
Na manhã desta segunda-feira, 26, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), mandou recado ao governo. “O Executivo não pode gastar sem freio e depois passar o volante para o Congresso segurar. O Brasil não precisa de mais imposto. Precisa de menos desperdício”, publicou o paraibano em seu perfil no X. Mas o gesto foi visto na base de Lula mais como uma forma de marcar posição do que uma ameaça de derrubada do decreto do IOF.
Líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ) deve conversar com Motta nesta terça-feira, 27, sobre o IOF. Tentará convencer o presidente da Casa a levar ao plenário algum dos projetos da oposição com a justificativa de que o País não suporta mais aumento de imposto.
Como mostrou a Coluna, além de abalar a credibilidade do governo diante das idas e vindas de decisões da equipe econômica, a atual trapalhada equipe do ministro Fernando Haddad sobre a cobrança do IOF vai exigir mais um gasto de energia da ala política do Planalto para tentar destravar a pauta do Congresso.
