30 de junho de 2025
Politica

STF põe general 4 estrelas de joelhos e aponta o lugar das Forças Armadas

Na caserna, ele diz que o chamam de GPS. As iniciais são as mesmas do aparelho que se tornou a bússola moderna. O apetrecho é sinônimo de quem aponta um caminho, indica uma direção. GPS também são as iniciais de “general Paulo Sérgio” que foi ministro da Defesa do governo Jair Bolsonaro. Agora, é um dos oito réus no processo por tentativa de golpe em ação que tramita no Supremo Tribunal Federal. E o militar parece sem norte.

Nesta semana, o ex-ministro, como os demais acusados, foi submetido a interrogatório pelo relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes.

Em 2022, Paulo Sergio e Moraes estavam em polos opostos. O primeiro atuava para por em questão as urnas eletrônicas. O segundo presidia o Tribunal Superior Eleitoral, responsável pela organização do pleito e contagem dos votos.

Paulo Sérgio foi o mesmo que chegou a apresentar no Congresso a ideia de uma votação paralela para que as Forças Armadas atuassem como fiscais do voto.

Na terça-feira, 10, o general da reserva não estava mais em pé de igualdade para enfrentar o “inimigo”. A configuração da sala da Primeira Turma do STF obrigava o ex-oficial, no posto de réu interrogado, a olhar para cima quando tinha que se dirigir a Moraes. Na postura de subalterno, acabou cometendo uma sequências de atos falhos ao chamar repetidas vezes o magistrado de comandante.

Ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira é interrogado no STF
Ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira é interrogado no STF

Mas, ainda assim, se apresentou com um vestígio de espírito de general quatro estrelas e no estilo mais emblemático que se tem da figura: falava alto e tratava seu advogado como um subordinado que deveria estar ali seguindo suas ordens. O tratamento constrangedor dado ao advogado foi, no entanto, o máximo que o ex-ministro da Defesa conseguiu ser do que um dia já foi.

Diante de Moraes estava simbolicamente de joelhos. E foi pedir desculpas pelas palavras que pronunciou numa reunião ministerial de 5 de julho de 2022. “Inicialmente eu queria me desculpar publicamente por ter feito essas colocações naquele dia”, disse o general-réu.

Tentou ainda se desvincular de participação na ideia de convencer os comandantes das Forças Armadas a encampar o plano golpista do então presidente Bolsonaro. No interrogatório, convenientemente, a memória falhou e não soube lembrar de diálogos que o comprometem, como o que teria tido com o chefe da Força Aérea de então que se negou a aderir ao plano de impedir a posse do presidente eleito.

Do que se viu e ouviu das testemunhas de acusação e defesa no STF restou um recado explícito de que a corte está disposta a enquadrar e apontar o lugar correto das Forças Armadas na vida política do País. E este lugar não é o de protagonista, mas de quem deve respeito às leis e não pode, como já ocorreu, tentar impor ordem unida aos brasileiros. Pelo menos enquanto o regime em vigor for o democrático.

 

 

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