30 de junho de 2025
Politica

Agro brasileiro vê frete marítimo e adubo mais caros com escalada do conflito Israel-Irã

O agronegócio brasileiro acompanha com preocupação a escalada do conflito entre Israel e Irã para diagnosticar os reflexos sobre o setor produtivo nacional. Representantes de entidades exportadoras afirmaram à Coluna do Estadão/Broadcast que o momento exige cautela, mas essas lideranças já enxergam efeitos imediatos no encarecimento de fretes marítimos e de fertilizantes.

“De imediato, tende haver mudanças de rotas pelas transportadoras marítimas para redirecionamento das cargas, minimizando o risco de passagem por rotas com troca de ataques”, afirmou fonte da indústria das carnes, ao comentar o risco de aumento do custo do frete marítimo.

Outro impacto relevante é no abastecimento de fertilizantes para o Brasil. O Irã responde por cerca de 17% de tudo que o Brasil importa de ureia anualmente. “Não há risco de falta, mas os preços dos adubos nitrogenados já estão em alta e devem subir mais em virtude do conflito e das instabilidades decorrentes. Isso representa aumento no custo de produção de insumo essencial para o cultivo do milho”, observou representante da cadeia do milho.

A balança comercial entre os países é considerada complementar. O Brasil exporta sobretudo soja e milho ao Irã e importa fertilizantes, em especial ureia. De janeiro a maio deste ano, as exportações de produtos agropecuários brasileiros ao Irã alcançou US$ 1,036 bilhão em receita, de acordo com dados do Agrostat – sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro. A pauta exportadora é concentrada em cereais (US$ 508,165 milhões), complexo soja (US$ 466,394 milhões), carne de frango (US$ 153,240 mil) e fumo (US$ 148,539 mil).

Já as importações de produtos agropecuários iranianos pelo Brasil somou US$ 4,615 milhões, em especial de frutas, nozes e castanhas. Em contrapartida, de fertilizantes iranianos o Brasil importou 61,046 mil toneladas de adubos nitrogenados de janeiro a maio deste ano, com o desembolso de US$ 20,481 milhões, conforme os dados do Comextat, serviço de estatísticas de comércio exterior do Brasil.

Em relação ao impacto nas exportações brasileiras para o Irã, os interlocutores afirmam que o tema segue no radar, mas veem com cautela eventuais riscos de arrefecimento na demanda já que a pauta concentra-se no fornecimento de commodities agrícolas, consideradas essenciais para a segurança alimentar. “Por enquanto, não vemos queda na demanda, mas gargalos logísticos podem dificultar a chegada das cargas, o que aumenta os custos para os importadores”, apontou uma fonte do setor exportador de cereais.

Porto de Santos
Porto de Santos

 

 

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