“Sonhos, planos… Do dia para noite, tudo isso se perdeu…” Esse trecho da música da banda Os Travessos, remete à situação atual vivida pelos estudantes de escolas, cursos, colégios e faculdades. Jovens e adultos, adolescentes e crianças estariam subindo mais um degrau na sua escada de conhecimento acadêmico e “passando de ano”.
No entanto, tudo isso acabou ficando em segundo plano por conta da pandemia, que trucidou, literalmente, os planos de carreira de alguns estudantes, principalmente formandos em faculdades. O projeto de alguns foi engavetado e talvez não saia mais da cômoda do quarto.
Confira alguns depoimentos que o NES reuniu de estudantes das redes pública e particular:
Raquel Bispo, 3⁰ ano, C.E. Manoel Novaes
“A minha expectativa para o ano letivo de 2021 está baixa. O estado não fornece uma educação de qualidade em dias normais e acredito que depois de uma pandemia também não irá fornecer. A experiência foi ruim, de incerteza e de falta de informação em relação às aulas.
As aulas online não funcionaram, e para mim que também faço curso técnico não teve nenhuma aula online.
Sofri prejuízos. E agora, é ter força de vontade e disciplina para voltar a estudar.
Para quem não nasceu rico, o caminho para ter uma vida digna e honesta é o estudo. Mesmo sendo chato e cansativo e, às vezes, sem um resultado de mudança aparente, ele é necessário. Se não estudar vai ter que trabalhar muito porque o mundo é movido pelo dinheiro, se não trabalhar vai roubar e acabar com a própria vida e a da família. Nada na vida é fácil, tenha força de vontade e chegará lá.”
Josias Sales, formando em Administração, 8⁰ semestre na Faculdade São Salvador
“Minha expectativa para este ano letivo ? Que as aulas presenciais retornem respeitando as medidas de segurança esse período de pandemia.
Minha experiência nessa pandemia não foi das melhores porque a instituição de ensino onde estudo não conseguiu se adaptar ao formato de ensino EAD. Dessa forma, não conseguiu oferecer aos alunos uma experiência em online nem sequer parecida com a presencial.
As aulas online não funcionaram… Não como deveria, pois percebemos que não houve esforço da instituição nem da maioria dos professores para manter a frequência das aulas e aplicação das atividades dentro da normalidade.
Além do prejuízo financeiro, pelo fato de ter que pagar o mesmo valor na aula presencial pelo curso online, houve um prejuízo intelectual pois a qualidade das aulas caiu muito durante a pandemia e não houve interatividade entre professor e aluno nos cursos online.
Apesar de não ser fácil para o aluno de cursos presenciais se adaptar o curso online por “n” fatores, não vale a pena desistir do curso. Creio que a opção mais viável é se transferir para uma instituição onde o ensina levado a sério, que tem estrutura para curso online e onde a grade e a mensalidade seja parecida com a do curso presencial. Contudo, apesar da dificuldade, não podemos deixar de lado nosso sonho de obter a tão desejada graduação.”
Thaís Brandão, formanda em Farmácia, 8⁰ semestre na faculdade Maurício de Nassau
“Olha, espero que as aulas presenciais normalizem. Apesar de ser confortável estudar em casa, precisamos de mais foco pois existem matérias mais complexas que precisam de muita atenção e uma explicação melhor, na que no EAD, não é possível.
Posso dizer que, no início, a adaptação não foi legal justamente por conta do foco. Em casa, eu e outros estudantes, passamos por medo, ansiedade, alguns por depressão e outros problemas emocionais e, por conta desses problemas, se tornava quase impossível absorver o conteúdo passado. Porém, os professores foram bem compreensivos e tentaram de tudo mas, algumas vezes, não obtinham êxito.
Depois de um tempo, já no 2020.2, nós estávamos um tanto acostumados com a situação, e a dedicação se tornou cada vez maior, mas não era como nas aulas presenciais.
Os prejuízos sofridos são incalculáveis, já que as matérias que são, na sua essência, pura prática, estavam sendo feitas online e, convenhamos que ver não é a mesma coisa que fazer. Apesar disso, chegou um tempo que consegui me organizar. Acordar mais cedo pra estudar, e comecei a ver o lado bom: não estava pegando ônibus, eu poderia pausar a aula, estava no conforto da minha casa, via vídeos de prática na internet.
Digo pra não desistir. Tudo é possível. Basta não se acomodar com a situação e deixar a dificuldade tomar conta. Com esforço, a gente consegue.”
Caroline Dias, formanda em Farmácia, 5⁰ semestre na UFBA
“Minha experiência foi boa, levando em consideração que sou privilegiada por ter acesso à internet, um cantinho de estudos e meu próprio notebook, além de ninguém da minha família ter tido a Covid-19. Entretanto, tive dificuldades de concentração devido às frequentes distrações, sejam elas provenientes da minha própria residência ou da minha vizinhança.
As aulas online funcionaram na medida do possível. Nosso semestre foi “suplementar”, ou seja, não obrigatório; foi atípico para alunos, professores e coordenadores, e acabou servindo como um teste para o semestre oficial de 2021.1. As disposições da reitoria sobre como o semestre funcionaria e o acompanhamento pelo “ufba em movimento” foram muito válidos, e nos preveniram de maiores prejuízos. No entanto, a metodologia de ensino utilizada pelos professores, por vezes, não funcionou muito bem. Alguns, por exemplo, só admitiam aulas ao vivo, e quem perdesse a conexão ficava com o ônus de uma aula perdida. O processo de matrícula também foi conflituoso, pois muitas pessoas não conseguiram pegar matéria alguma devido à baixa oferta de vagas. Mas, em geral, foi um semestre aceitável, pudemos descobrir novas ferramentas digitais para estudo e/ou desenvolvimento de trabalhos, e obtivemos conhecimento em segurança. Claro que presencial seria muito melhor, pois há um ambiente preparado para o processo de aprendizagem, o contato mais direto com professores e colegas, sem contar as disciplinas práticas que só podem ser feitas nessa modalidade. Porém, dentro das circunstâncias, foi um semestre válido, com falhas que poderão ser mitigadas em 2021.1. Em parte. Apesar do semestre ser suplementar, optativo, isso não se aplicava a mim, pois sou bolsista pibic e as agências de fomento exigiram a matrícula em pelo menos uma matéria, então não tive muita escolha quanto a fazê-lo ou não. Eu acredito que o meu rendimento teria sido maior na modalidade presencial, pois as distrações pesaram um pouco na minha jornada de estudo. Também tive muito cansaço mental e altos níveis de estresse após ficar olhando para a tela do computador por muitas horas, e senti bastante a falta da presença física dos meus amigos, que me ajudavam a conciliar a rotina pesada exigida pela faculdade e a sanidade mental.
No entanto, eu já havia planejado pegar disciplinas e, mesmo tendo ciência da minha dificuldade com o EAD, peguei mais de uma. Então, eu sabia que não seria perfeito, mas estava disposta a fazê-lo, a arcar com as consequências positivas e negativas.
Bom, eu não sei o contexto no qual você vive, não sei os motivos pelos quais você desistiu de estudar, mas se/quando for possível conciliar sua rotina ou finanças com os estudos, faça! Seja voltar ao ensino fundamental, médio, à faculdade ou então fazer uma pós-graduação, aproveite a oportunidade (ou a crie) e arrisque-se! Faça uma busca pelos seus gostos e mergulhe no conhecimento que está à sua disposição, afinal, para qualquer área, há sempre algo que podemos aprender um pouco mais, compreendendo o que se passa ao nosso redor para, quem sabe, descobrir novas coisas. Ainda existem doenças incuráveis, tecnologias e técnicas a serem melhoradas/desenvolvidas, pessoas a serem melhor administradas. Quem sabe é você que encontrará uma dessas soluções e contribuirá para uma mudança significativa na humanidade? E o caminho para isso é o estudo! Por isso, vá fundo e explore as profundezas do conhecimento!”
O post [Reinventar, focar, recomeçar ] Estudantes do Nordeste de Amaralina relatam a experiência e expectativa sobre a vida acadêmica na pandemia apareceu primeiro em NORDESTeuSOU.