18 de dezembro de 2025
Politica

Por que a PGR não aceitou a delação de Beto Louco? Porque ele não contou tudo que sabe

A revista Piauí desta semana trouxe à tona fatos envolvendo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil – AP), que, se confirmados, são graves.

O empresário Roberto Leme – conhecido como Beto Louco – teria desembolsado R$ 2,5 milhões para bancar um show de Roberto Carlos no Amapá a pedido de Alcolumbre. Seria o pagamento para liberar o funcionamento de sua refinaria, a Copape, que estava paralisada por decisão da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Dias antes, o portal UOL também revelou que o empresário presentou o mesmo senador com canetas de Mounjaro, quando o medicamento para emagrecer ainda não estava disponível no País.

As publicações contam, no entanto, que a Procuradoria-Geral da República (PGR) não aceitou a delação do empresário. Por quê?

O princípio básico de uma delação premiada é o criminoso dizer tudo que sabe. Afinal ele vai receber do Estado uma redução significativa de sua pena.

Davi Alcolumbre (União-AP) é presidente do Senado
Davi Alcolumbre (União-AP) é presidente do Senado

Marcelo Odebrecht e Joesley Batista – para citar apenas dois dos mais famosos delatores do País – fizeram uma lista com centenas de políticos para os quais pagavam propina e abalaram a República.

Beto Louco é suspeito de ser uma das fontes que irriga um sistema de corrupção que pode envolver desde expoentes do centrão até criminosos do Primeiro Comando da Capital (PPC). O que ele supostamente contou até agora é grave, mas chega a ser anedótico perto do que ele teria a dizer.

O sistema de delação premiada e de acordos de leniência se desmoralizou de forma severa no Brasil. Nas palavras de procuradores, os empresários hoje que procuram o Ministério Público Federal chegam com uma “reserva mental” do que confessar já calculando que tudo será anulado lá na frente.

E estão utilizando como tática alimentar a imprensa previamente com informações para pressionar o MPF e a Controladoria Geral da República (CGU) a aceitar um início de negociação. Caso a PGR sucumba a esse tipo de pressão, será o fim da delação.

E por que estamos nessa situação?

O Brasil aprovou a sua lei anticorrupção em 2014 e teve de testá-la logo em seguida na Operação Lava Jato. Foi muita pressão política e de opinião pública e erros foram cometidos de todos os lados.

Hoje as delações estão sendo anuladas de roldão pela caneta do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli. Praticamente todos saem impunes. As consequências estão aí.

A boa notícia é que as investigações também seguem.

 

 

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