Prisão de Jair Bolsonaro: escalada em 13 horas levou Alexandre de Moraes a decretar preventiva
A prisão preventiva decretada por Alexandre de Moraes neste sábado, 22, contra Jair Bolsonaro foi o desfecho de uma escalada que começou com o vídeo de Flávio Bolsonaro convocando uma vigília pelo pai, avançou para o pedido da Polícia Federal (PF) por medidas mais duras e culminou com a informação de uma nova violação da tornozeleira eletrônica. Com o aval da Procuradoria-Geral da República (PGR), Moraes determinou a prisão.
A seguir, veja como a sequência de eventos se desenrolou em cerca de 13 horas e levou o ministro a concluir que havia risco concreto de fuga e descumprimento das medidas cautelares, elementos centrais para converter a prisão domiciliar em preventiva.

17h – Vídeo de Flávio Bolsonaro
Publicado no fim da tarde de sexta-feira, 21, o vídeo em que Flávio Bolsonaro convoca manifestantes para uma vigília em frente ao condomínio onde o pai cumpria prisão domiciliar se tornou um dos elementos decisivos para a nova ordem judicial. Na gravação, o senador convocava apoiadores para se reunirem neste sábado, às 19h, em frente à casa do ex-presidente.
Pedido da PF a Moraes
A publicação levou a PF a pedir a Moraes, relator do caso, a substituição da prisão domiciliar pela preventiva. A PF afirmou que a convocação criava risco concreto de fuga diante da possível aglomeração nas imediações do condomínio e poderia inviabilizar o cumprimento das decisões ligadas à ação penal do golpe, na qual o ex-presidente foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão.
00h08 – Violação da tornozeleira eletrônica
Às 0h08 da madrugada de sábado, o Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (Cime), da Secretaria de Administração Penitenciária do DF, comunicou a Moraes a “ocorrência de violação” da tornozeleira usada por Bolsonaro.
Como mostrou o Estadão, o ex-presidente tentou romper o equipamento com um instrumento de calor. A ruptura foi detectada pelo sistema, a tornozeleira queimada foi enviada para perícia, e uma nova precisou ser instalada.
1h25 – PGR dá aval à prisão
Com a nova informação, Moraes acionou a PGR. Por volta de 1h25, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, assinou parecer se manifestando sobre o pedido da PF e sobre a violação da tornozeleira. Gonet deu aval à conversão da prisão domiciliar em preventiva e citou a “urgência e gravidade” dos fatos apresentados.
2h – Moraes decreta a prisão preventiva
Por volta das 2h, diante do pedido da PF, da informação sobre a violação da tornozeleira e do parecer favorável da PGR, Moraes determinou a prisão preventiva de Jair Bolsonaro.
O ministro concluiu que havia “gravíssimos indícios” de tentativa de fuga e risco de tumulto provocado pela convocação da vigília, inviabilizando a manutenção da prisão domiciliar. O mandado foi expedido em seguida, com ordem de recolhimento imediato.
6h – PF prende Bolsonaro
Por volta das 6h, um comboio da PF chegou ao condomínio onde Bolsonaro estava em prisão domiciliar. O ex-presidente foi detido sem resistência e levado para a Superintendência da PF no Distrito Federal, onde passou pelos procedimentos de praxe antes da audiência de custódia marcada para domingo.
Em nota, a defesa de Bolsonaro disse que a prisão causa “perplexidade” e afirmou que a decisão se baseia em uma “vigília de orações”. Os advogados alegam que o ex-presidente já estava detido em casa, “com tornozeleira eletrônica e sendo vigiado pelas autoridades policiais”, e contestam a “existência de gravíssimos indícios da eventual fuga”. Eles também afirmam que o estado de saúde de Bolsonaro é “delicado” e que sua prisão “pode colocar sua vida em risco”. A defesa informou que vai apresentar recurso.
