Marcado pelo assassinato brutal de João Alberto Silveira, as vésperas do Dia Nacional da Consciência Negra, e de tantos outros, o mês de novembro foi o mês mais violento na capital baiana, com 127 mortes, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP – BA).

O relatório da Rede de Observatórios da Segurança “Cor da violência policial: a bala não erra o alvo” aponta para o fato que, independentemente do tamanho da população negra do local, são os negros os que mais morrem.
“Somos 76% da população na Bahia e 96,9% dos mortos pela polícia em 2019. A juventude negra é alvo preferencial da violência e da violência racial, inclusive em estados onde não somos maioria. Foram 6.537 mortes decorrentes das ações policiais no país, vítimas, inclusive policiais, da guerra às drogas, mas as drogas não morrem, quem morre são as pessoas. São os mesmos: jovens corpos negros”, enfatiza o vereador Sílvio Humberto (PSB).

O edil afirma que as estatísticas são resultado do fator racismo estrutural da sociedade e que apenas ações afirmativas permanentes do Estado são capazes de reparar as ausências de políticas à população ao longo do tempo.

“Precisamos entender que o racismo afeta negativamente toda a sociedade brasileira, partindo do ponto de que o racismo é um sistema opressor que tem como principal prática a negação e violação de direitos, proporcionando privilégios a alguns e nada a outros. Não podemos naturalizar dezessete homicídios em um fim de semana como cena cotidiana de Salvador, e muito menos aceitarmos a justificativa de que as mortes são motivadas por envolvimento em crimes. Isso não é justificativa! ”, alerta.

Reconhecido pelo movimento negro como um dos militantes das causas raciais mais atuantes no Brasil, Humberto criticou as abordagens truculentas da polícia da Bahia, que segundo o relatório da Rede é uma das mais letais do país, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro no quesito assassinato.

“É preciso treinar as forças policiais para o uso da inteligência, a exemplo do que ocorreu no Itaigara, onde sem deflagrar um único tiro uma “cabeça cara” foi presa sem provocar transtorno ou violações dos direitos humanos: Uma ação totalmente diferente do ocorrido no Nordeste de Amaralina e nas comunidades cariocas. Precisamos perguntar por que no dia seguinte às megaoperações não se intensifica a presença do Estado por meio de ações de direitos humanos? Isto sim seria uma verdadeira megaoperação permanente (saúde, educação, cultura, assistência social, lazer). Vidas negras importam vivas”, finalizou.

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