Guia do SapaCarnaval: dicas de diversão para mulheres em Salvador
O Carnaval de Salvador é puro alto astral, mas, em meio a tantos dias de farra e tantas festas, a gente fica perdida sem saber por onde se divertem nossas manas sapatonas e bissexuais. Por isso, preparei um guia completo para você carnavalizar na capital baiana, com dicas do que fazer e de como aumentar suas chances de paquerar outras mulheres. Mas, primeiro, preciso te dar alguns conselhos.
Se a sua passabilidade hetero é alta, invista em elementos que evidenciem que você é do babado – sabemos o quanto mulheres geralmente têm medo de chegar umas nas outras, então, usando alguns símbolo do vale, facilita a identificação e, assim, a barreira da dúvida (“será que ela é?”) é vencida. Dito isto: pode tacar arco-íris em tudo, irmã! Ele remete imediatamente à bandeira LGBTQIAP+, então pode estampá-lo em tatuagem temporária, body, pochete, capa, ombreira, viseira… Além dos famosos símbolos lésbicos: o velho anel de coco e a nova xuxinha preta no pulso.
Para se fantasiar, se quiser algo mais arrumado, que vai durar muitos carnavais e ainda apoiar uma mulher empreendedora (minha escolha!), recomendo as tiaras e acessórios da lojinha Pirou; se deixou pra cima da hora ou quer algo mais simples, bata perna na Av. Sete ou no Dois de Julho e compre adereços por lá. O importante é se emperiquitar e se sentir linda na rua!
Além disso, vá de tênis, use porta dólar, leve um documento com foto, evite ficar pegando o celular, combine um ponto de encontro com a sua galera, leve um leque ou ventilador portátil para se refrescar e não se esqueça da regra: um copo de cachaça, um copo de água. Assim, você evita a desidratação, a ressaca e a se passagem. Leve camisinha, sachê de lubrificante e álcool para higienizar as mãos, afinal, vai que rola um xoSe no after.
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Quando for beijar, se certifique de estar com amigas(os) por perto, para o caso de alguém tentar mexer com vocês. Também avalie o entorno e perceba se há possíveis pessoas preconceituosas ali (sei que é difícil, mas é importante tentar fazer esse crivo). A bebida nos deixa mais vulneráveis, então tenha muito cuidado para não ficar inconsciente, sobretudo ao voltar para casa, seja de ônibus, moto, carro ou andando. Se possível, não permita que nenhuma pessoa do seu grupo fique sozinha no circuito nem vá embora sozinha.
E vamos aos rolês carnavalescos que eu recomendo para mulheres que amam mulheres, na capital baiana, com um lesbômetro (termômetro das chances de você, foliã lésbica/bi, encontrar gatinhas do vale para paquerar):
1º de fevereiro – Baile do Urso da Meia Noite
A farra de fevereiro começa logo no dia 1º, com uma festa à fantasia delícia! Bailinho de Quinta, Filhos de Jorge e DJ Pureza vão levar muita marchinha, frevo e axé para a arena de eventos da Igreja do Santo Antônio Além do Carmo, a partir das 19h. Com público tranquilo e um pouco alternativo, o Baile do Urso da Meia Noite está com ingressos à venda por R$ 60, no Sympla.
- Lesbômetro 3/5
2 de fevereiro – Dia de Iemanjá
A festividade centenária em homenagem à Rainha do Mar é um momento lindo para se conectar com essa divindade, agradecendo e pedindo proteção. Como já é tradição na Bahia, as festas religiosas por vezes unem o sagrado e o profano e não é diferente no 2 de fevereiro. O bairro do Rio Vermelho é tomado por um oceano de gente vestida de branco e azul. E parte dessa galera está ali, também, pronta para o flerte. Chegue cedo (recomendo estar lá no máximo ao meio-dia), não vá dirigindo, pois o trânsito da região fica todo alterado e congestionado, e exagere no protetor solar. Nesse dia, rolam várias festas privadas nos restaurantes da região, mas, na minha opinião, o gostoso mesmo é ficar na rua.
- Lesbômetro 4/5
3 de fevereiro – De hoje a oito
Todo sábado pré-carnaval é de lei: a agonia é no Santo Antônio Além do Carmo! Lá desfila o DHJA8 (leia “De hoje a oito”, expressão baiana que significa “semana que vem”). Trata-se de um bloco gratuito e muito diverso, atraindo famílias com crianças, jovens, idosos e toda a comunidade LGBTQIAP+. É um verdadeiro carnaval à moda antiga, em que as(os) foliãs(ões) se fantasiam e vão para a rua curtir uma fanfarra. A Prefeitura de Salvador ainda não confirmou que o DHJA8 vai sair este ano, que seria o seu 10º desfile, mas eu apostaria que sim. E a farra é cedo, viu? Pode se organizar para chegar ao Carmo por volta do meio-dia para curtir essa bela festa de rua, livre, inclusiva e divertida.
- Lesbômetro 5/5
4 de fevereiro – Banho de mar à fantasia
No domingo pré-carnaval, às 9h, começa o que, na minha opinião, é o evento mais legal da cidade: o Banho de Mar à Fantasia. O grupo desfila em cortejo partindo do Centro Cultural Que Ladeira é Essa?, na Ladeira da Preguiça (Comércio). O destino é a praia da Preguiça, onde rola um banho de mar coletivo – daí o nome da festa. Vá com uma fantasia leve e capriche no glitter biodegradável. Ano passado, vi muita gente de biquíni, tapa mamilo, top, hotpants etc, e esse é o dress code que eu recomendo, porque é MUITO quente! Em 2023, foram cerca de 50 mil pessoas, segundo a organização. Além do sol rachando, é muita gente, então vá preparada, hidratada, alimentada e, se possível, de boné/chapéu.
- Lesbômetro 5/5
7 de fevereiro – AxéRecudas
Este é o 9º ano em que o AxéRecudas participa do Habeas Copos, no circuito que vai do Farol da Barra até o Morro do Cristo. O bloco, que começou como uma curtição entre amigas, agora deve contar com 350 foliãs – sim, só mulheres podem participar (amei!). A proposta é ser um espaço seguro para que a gente se divirta livremente. O bloco é open bar e o ingresso, que custa R$ 230 por pessoa, inclui uma fantasia de chapeuzinho vermelho. Se eu fosse você, garantia logo o meu no Sympla, pois já está no terceiro lote.
- Lesbômetro 5/5
8 de fevereiro – Os Mascarados
No primeiro dia oficial da folia momesca, o Circuito Dodô (Barra-Ondina) vai ser palco do tradicional bloco Os Mascarados que, há 25 anos, arrasta uma multidão LGBTQIAP+. A cantora e fundadora do bloco Margareth Menezes puxou o trio por dez anos; em 2024, Jau estará à frente e receberá diversas(os) convidadas(os). E, oh, você pode (deve) usar fantasia e muuito brilho, porque ele é um dos blocos mais alegóricos da cidade. Apesar de ser puxado por um homem cis hetero, ao menos o bloco terá madrinhas lésbicas, o casal Lan Lanh e Nanda Costa.
- Lesbômetro 5/5
O Carnaval de Salvador ferve intensamente até a terça-feira (13), mas não há um bloco, camarote ou local da pipoca que seja declaradamente lesbofriendly. Assim, reúna a sua galera e se divirta como e onde for possível, prezando sempre pela sua segurança. Boas festas e nos vemos na rua!